O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou ontem que o grupo empresarial SS, que é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de fraudar uma licitação da Transpetro (subsidiária da Petrobras), doou recursos para o diretório do PMDB de Alagoas. O diretório foi o principal financiador da campanha de Renan ao Senado em 2010.
O senador é um dos parlamentares que teria sido citado nas delações premiadas da Operação Lava Jato, que investiga desvio de recursos da Petrobras. E o presidente licenciado da Transpetro, Sérgio Machado, foi indicado por Renan para o cargo. Machado também é citado nas investigações da Polícia Federal e se licenciou na semana passada justamente por causa da Lava Jato.
Tudo legal
Em nota, Renan afirmou que a empresa venceu um processo licitatório pelo menor preço e o contrato foi auditado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que não encontrou irregularidades. "Estamos diante de uma denúncia da legalidade. Não é cabível outra interpretação. Tudo como manda a lei", afirmou o senador. Na nota, Renan também afirma que a empresa fez "múltiplas doações eleitorais", todas declaradas, seguindo a determinação legal.
Reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo afirma que o grupo empresarial acusado de fraudes doou R$ 400 mil ao diretório do PMDB de Alagoas, principal financiador da campanha de Renan. A reportagem confirma que as doações foram feitas de forma legal ao PMDB em nome da SS Administração e Serviços, grupo empresarial do Pará. Três meses após a doação para o PMDB alagoano, segundo o jornal, o grupo empresarial venceu uma licitação da Transpetro para a construção de 20 comboios navais.
A reportagem afirma que procuradores de Araçatuba apontam desvios de R$ 21,9 milhões no contrato de R$ 432 milhões entre a Transpetro e o grupo empresarial. Para o Ministério Público, segundo o jornal, Sérgio Machado ajudou a direcionar a licitação, vencida pelo consórcio ERT, do qual a SS faz parte.
O grupo SS, assim como Renan, negou irregularidades na doação que fez ao PMDB de Alagoas e no contrato com a Transpetro. A subsidiária da Petrobras argumentou que o TCU auditou o contrato e não viu irregularidades.
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