Pasadena
Graça diz que compra de refinaria foi negócio "potencialmente bom"
Agência Estado
A presidente da Petrobras, Graça Foster, voltou a afirmar ontem, em audiência na Câmara dos Deputados, que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, "não foi um bom negócio". A avaliação foi a mesma da primeira audiência, há duas semanas. Ontem, no entanto, ela ressaltou que a análise de um "mau negócio" é feita apenas com os dados atuais e que na época a estatal fez um projeto "muito razoável". "Naquele momento [2005], a Petrobras fez um projeto muito razoável do ponto de vista econômico. No conjunto da análise não foi um bom negócio, mas na época foi um negócio potencialmente bom", afirmou a presidente da estatal. Segundo ela, não há previsão de novos investimentos na refinaria. "Reverter prejuízos em Pasadena não é hoje a prioridade da Petrobras. Mais investimentos em Pasadena dependem de várias situações." Graça considerou que as perdas com a negociação podem ser revistas "total" ou apenas "parcialmente". "Até 2008, o negócio de Pasadena era potencialmente bom. Pós 2008, o negócio passa a ser de baixo retorno. As margens foram reduzidas e o mercado caiu, além disso não fizemos Revamp [modernização]. O mercado também passou a comprar menos", afirmou. Segundo a presidente da Petrobras, entre 2006 e 2013 foram investidos na refinaria US$ 685 milhões em cima do valor da aquisição. Ela comparou os valores aplicados com o que é feito nas refinarias do país. "Pagar US$ 86 milhões por ano em investimentos em Pasadena não é muito diferente aqui no Brasil." Ela evitou comentar a possibilidade de uma CPI investigar o assunto. "Como cidadã eu não tenho nenhum comentário a fazer", disse.
Diante das pressões de deputados da oposição e de grande parte da base aliada, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recuou e vai determinar a indicação dos nomes para compor a CPI mista da Petrobras na terça-feira, com deputados e senadores. Renan comandava a estratégia do Palácio do Planalto de adiar ao máximo o início das investigações a fim de evitar mais desgaste à presidente Dilma Rousseff. Diante das ameaças de levá-lo ao Conselho de Ética e à Procuradoria-Geral da República, o peemedebista reconsiderou sua posição.
A mudança ocorreu na noite de terça-feira, após ter sua estratégia de protelar a CPMI rechaçada pela oposição. Deputados ameaçaram abrir processos pelo que entendem como descumprimento de decisão judicial. Eles disseram a Renan que acionariam o Conselho de Ética da Casa e a Procuradoria-Geral da República e lembraram que o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, é seu indicado e poderia virar alvo em alguma comissão da Câmara. Outra ameaça foi tentar uma liminar do Supremo Tribunal Federal para instalar a CPI mista.
Apesar da determinação de dar início às indicações, líderes do PT devem adiar esse momento pelo prazo possível. "Temos as condições de fazer a investigação equilibrada no Senado. Na terça, se forem recebidas as indicações para a CPI mista, provavelmente vamos apresentar o pedido da CPI do Metrô", ameaçou o líder do PT, senador Humberto Costa (PE).
Como os regimentos não são claros sobre os prazos, deve valer a regra estabelecida pela Câmara, que dá aos líderes cinco sessões para fazerem suas escolhas. Não havendo indicações, as nomeações ficam a cargo do presidente do Congresso. "Se não houver indicações, caberá ao presidente do Congresso fazê-la. E eu vou fazer isso", ressaltou Renan.
No Senado
Em paralelo às indicações para a CPI mista, Renan avisou que quer instalar a CPI exclusiva do Senado na próxima semana. Dos 13 integrantes, dez são aliados do Planalto. Já estão escalados Humberto Costa, José Pimentel (PT-CE), Aníbal Diniz (PT-AC), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP). A oposição terá os tucanos Alvaro Dias (PR) e Mário Couto (PA). O líder do DEM, José Agripino (RN), disse que só indica seus nomes após ver instalada a CPI mista.
A comissão vai investigar a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006. A Petrobras pagou um total de US$ 1,3 bilhão pela refinaria, que havia sido comprada no ano anterior por US$ 42,3 milhões pela belga Astra Oil.
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