Em discurso nesta terça-feira (17), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que deixar o cargo seria "compactuar" com os que, segundo ele, já o condenaram. "A licença significaria compactuar com quem busca condenar sem prova. É esse o meu entendimento, e a ênfase com que defendi é porque tenho absoluta convicção do que estou a dizer", disse.

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O discurso foi feito por Renan durante seu balanço sobre o semestre. Na fala, buscou um discurso conciliatório com senadores e setores da imprensa. Renan encerra o semestre numa crise política por conta das acusações de que recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais.

Logo no começo do discurso, Renan direcionou as palavras aos colegas da oposição. "Tentaram, de todas as formas, jogar-me contra a oposição, que também me elegeu nesta Casa. E que cumpre democraticamente um papel fundamental e indispensável na construção das leis e fiscalização dos atos do governo", disse.

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"Não conseguiram e não conseguirão (jogá-lo contra a oposição). Em nenhum instante, deixei de prestigiar o PSDB e o Democratas. Esse comportamento de conciliação contribui para que todos tenham seu espaço garantido", ressaltou.

Processo imparcial

Renan voltou ainda a dizer que é inocente das acusações que sofre. "Não me incluo entre os arrogantes e os presunçosos. O que me caracteriza é o oposto. Atendi a tudo o que me foi solicitado e enviei todos os documentos ao Conselho de Ética para que tenhamos um processo imparcial."

O presidente do Senado afirmou também que "tentaram" criar um clima ruim entre ele e a imprensa. "Tentaram, sem sucesso, me indispor com a imprensa. A televisão, o jornal e o rádio são canais insubstituíveis. As críticas devem ser respeitadas, embora haja equívocos aqui e acolá", disse.

No fim do discurso, Renan enumerou os projetos votados durante o semestre e repetiu os elogios aos senadores. "Mesmo com os sobressaltos das últimas semanas, a produção do Senado em 2007 manteve-se com o mesmo vigor do último biênio", disse. "Nas últimas semanas, os fatos de que fui alvo geraram tumultos, que graças a maturidade de todos, não comprometeram o ritmo de trabalho do Senado", disse.

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O senador reafirmou no discurso o que havia dito mais cedo aos jornalistas. Para ele, o processo que sofre no Conselho de Ética tem pontos de "esquizofrenia". "A esquizofrenia é a seguinte: se você agiliza é porque quer abafar. Se segue o regimento é porque quer delongar. É importante encontrar o meio-termo", disse.

"E o meio-termo que encontrei foi mandar uma carta ao presidente do Conselho de Ética pedindo que qualquer coisa do processo seja mandado ao senador Tião Viana (PT-AC)", afirmou Renan, sobre o pedido que fez ao presidente do conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), para que qualquer correspondência do processo contra ele seja enviada ao vice-presidente do Senado, Tião Viana.