• Carregando...

Como numa luta de boxe com horário marcado – a partir das 14h -, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se preparam, cada um a sua maneira, para o confronto de "idéias" que será travado no plenário na tarde desta terça-feira (9).

Torres pedirá explicações sobre as denúncias de que o presidente do Senado busca espionar os colegas para se proteger dos três processos que já responde no Conselho de Ética. "Não vou fazer pergunta nenhuma. Vou relatar o que aconteceu. Não estou indo para brigar", garante o senador.

Mas Demóstenes se valerá de uma gravação feita pelo jornal "Folha de São Paulo" para enfraquecer o oponente e apontar as contradições da defesa sobre o suposto esquema operado pelo assessor especial Francisco Escórcio para espioná-lo e ao senador Marconi Perillo (PSDB-GO).

O conteúdo da fita revela que o advogado Heli Dourado disse ao jornal que, de fato, houve uma conversa de Escórcio com o ex-deputado Pedro Abraão, em Goiânia, para tratar de "arpongagem". Em declaração assinada, utilizada pelo próprio Renan, Dourado nega que tenha presenciado conversa sobre o tema.

O senador do Democratas, inclusive, pedirá assistência dos funcionários do plenário para ter acesso ao equipamento de reprodução de áudio da Casa. "É claro que vou reproduzir a fita. É uma prova da contradição", disse Torres.

No outro 'córner'

Enquanto isso, Renan Calheiros passa esta manhã reunido com assessores e advogados na residência oficial da presidência do Senado. Ele está sendo orientado a falar rapidamente com a imprensa na chegada na Casa, no entanto, sabe que o principal desafio será o embate em plenário.

De acordo com interlocutores, Renan avalia que se trata de uma "semana difícil", mas relativamente normal dentro do contexto da crise. Ele não apresenta, por enquanto, sinais de que vá se "curvar" à pressão da maioria dos senadores que hoje defende seu afastamento - mesmo que seja por meio de licença.

Renan ainda ouvirá de "viva-voz", se decidir por aceitar o confronto, o anúncio da quinta representação contra ele no Conselho de Ética, assinada pelo Democratas e pelo PSDB.

"A representação está pronta", revela Torres. O documento vai argumentar que Renan quebrou o decoro por "usurpar" das funções de presidente do Senado para se defender dos processos de cassação.

Outro senador supostamente espionado por Renan, Marconi Perillo não acredita que Renan tenha chegado ao ponto de fazer levantamentos sobre a utilização da verba indenizatória dos colegas para, depois, utilizá-los como instrumento de chantagem, conforme afirma reportagem do jornal "O Estado de São Paulo" desta terça.

"Não creio nisso. Seria muita cretinice e baixo nível. Está todo mundo negando. Mas, de qualquer forma, temos que investigar a fundo [as acusações do uso da máquina do Senado para a defesa privada de Renan]", disse o parlamentar tucano.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]