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"Saia do caminho da Justiça. Ela é cega."

Stanislaw Lec, poeta polonês.

Quatro dias depois de assumir seu novo mandato como governador do estado, Roberto Requião terá de anunciar uma decisão envolvendo sua principal doadora de campanha. O contrato entre o Detran e a American Banknote Company, que contribuiu com exato meio milhão de reais para a reeleição do governador, expira no dia 5 de janeiro de 2007. O governo pode renová-lo por mais um ano sem licitação, como já fez em 2005 e 2006. O caso está sendo analisado por esses dias.

A empresa norte-americana é responsável por emitir as carteiras de motorista em todo o estado do Paraná. Já fazia o serviço no governo Lerner. Na era Requião, ganhou uma licitação em 2003. Apresentou o menor preço entre as duas concorrentes: R$ 22,01 por carteira. Como são emitidas cerca de 800 mil carteiras por ano no Paraná, o contrato vale coisa de R$ 16 milhões ao ano.

A legislação brasileira permite que o poder público renove esse tipo de contrato por cinco anos antes de fazer uma nova licitação. Sendo assim, neste ano e em 2007, o acordo porde ser prorrogado apenas por vontade do estado. Será que vai ser assim? Os primeiros diários oficiais do novo governo trarão a resposta. Mas o fato de não haver nenhuma licitação convocada até o momento já dá uma boa pista do que irá acontecer.

R$ 0,12é o valor que a American Banknote Company teria de descontar de cada motorista paranaense para pagar a sua contribuição à campanha do governador Roberto Requião. O cálculo é feito com base nas 800 mil carteiras emitidas por ano. Durante um período de cinco anos, que é permitido pela legislação, são 4 milhões de pessoas. A contribuição foi de R$ 500 mil.

Enquanto isso, na sala de justiça...

Um grupo de visitantes do Tribunal de Justiça tomou um susto nesta semana. Estavam dentro de um elevador que começou a cair. Deslizaram por uns seis andares antes que o freio conseguisse parar completamente o equipamento. Ninguém se machucou, mas o susto foi grande.

O curioso é que o caso aconteceu em um dos elevadores do anexo do Palácio da Justiça – prédio que, segundo a Comissão de Obras do TJ, foi superfaturado em sua construção. De acordo com os desembargadores da comissão, o anexo poderia ter saído por R$ 28 milhões. E ficou em R$ 48.

Um dos itens questionados pelos desembargadores era justamente o preço dos elevadores. O relatório da Comissão de Obras revela que cada elevador para 26 pessoas poderia ter saído R$ 100 mil mais barato. São seis elevadores do gênero no prédio. A informação da assessoria de imprensa do TJ é que a empresa fornecedora dos elevadores vai estudar o que aconteceu no elevador que despencou.

E no Legislativo...

A foto mostra o antigo placar eletrônico que ficava na Assembléia Legislativa. Foi colocado lá na gestão de Aníbal Khury. Acabou nunca funcionando direito e foi retirado. Até hoje, os paranaenses não têm um jeito prático de saber quais deputados estão em plenário. E nem de saber quem votou como. Nem mesmo a imprensa consegue essas informações. Fica a dica para o futuro presidente. Reinstalar um placar como esse seria um exercício de transparência.

Isso também é política

Quem pega ônibus está acostumado não só a esperar mais do que o previsto como também tem de se virar em uns poucos centímetros quadrados e agüentar arrancadas e freadas violentas. Nunca, que se tenha notícia, algum governo criou um "gabinete de crise" para solucionar o problema. É que o atraso dos ricos é mais importante, ao que parece.

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