A renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Presidência da Câmara empurrou a votação sobre sua cassação para depois do recesso parlamentar, que começa oficialmente em 18 de julho.
Isso porque o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Osmar Serraglio (PMDB-PR), aliado de Cunha, decidiu cancelar a sessão da próxima segunda-feira (11) que começaria a discutir e votar o recurso contra a cassação, usando como justificativa para o cancelamento a renúncia de Cunha da Presidência da Casa.
Essa discussão só vai começar na terça (12) e, como a próxima semana é a última antes do recesso, não haverá tempo hábil para levar a votação da cassação de Cunha para o plenário, caso o recurso seja rejeitado pela CCJ.
Os trabalhos na Câmara só voltarão em agosto. A votação em plenário é a última etapa do processo de cassação. O Conselho de Ética aprovou a cassação de Cunha por 11 a 9 em 14 de junho.
A acusação é de que ele mentiu aos pares por dizer não ter contas no exterior, já que foram encontrados recursos milionários na Suíça dos quais o peemedebista era o beneficiário final, apesar de formalmente estarem em nome de trusts – institutos jurídicos para administrar bens de terceiros. Ele diz que como transferiu a propriedade para os trusts, não deveria declarar os recursos e não mentiu.
Aliados de Cunha apontam a renúncia da Presidência como uma “última cartada” para tentar se salvar da cassação, por meio de um acordão com os outros partidos, mas dizem que as chances dele são pequenas.
Um deputado peemedebista afirmou à reportagem que a intenção de Cunha é amarrar um acordo para apoiar um novo candidato à Presidência em troca de votos contra sua cassação.
Os parlamentares, porém, dizem que é difícil reverter o quadro, tanto na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que analisa um recurso contra a cassação dele pelo Conselho de Ética, como no plenário, a quem cabe a decisão final da perda do mandato.
A CCJ deve apreciar na próxima semana o recurso de Cunha. O relator Ronaldo Fonseca (Pros-DF) defendeu que seja anulada a votação da cassação, sob argumento de que deveria ter sido feita pelo painel eletrônico.
Queda de Cunha: os 268 dias desde o pedido de cassação à renúncia da presidência
Leia a matéria completaLíderes partidários vieram a público dizer que Cunha não poderia ser salvo. O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), disse que a renúncia “reforça a necessidade da votação da cassação ainda na próxima semana”. O vice-líder do PSDB, Betinho Gomes (PE), afirmou que a renúncia “não atenua em nada sua situação”.
Os aliados mais próximos afirmaram que o mais importante foi ter resolvido a pendência sobre a Presidência. “O gesto foi mais importante para a Câmara do que para ele”, disse Carlos Marun (PMDB-MS). “Ele fez o que deveria ser feito. Estávamos em uma situação de vacância na Presidência”, afirmou Manoel Júnior (PMDB-PB).
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