O presidente nacional do PT, Tarso Genro, afirmou neste sábado que, se o empresário Marcos Valério tem mesmo novas denúncias contra o partido, deve apresentá-las para a "renovação da vida política do Brasil".
Genro, que está em São Paulo para a reunião do Campo Majoritário do PT, afirmou que não havia lido a reportagem da revista "Veja", que chegou neste sábado às bancas, fazendo novas denúncias contra o partido. Perguntado se concordava com a afirmação feita pela deputado Ricardo Berzoini, secretário-geral do PT, que cobrou de Valério a divulgação das supostas denúncias, afirmou:
- O Berzoini está certo. Não só concordo como acho que é uma exigência preliminar para a renovação da vida política do Brasil. Acho extremamente importante, não para que as pessoas venham a se acusar publicamente ou para que os partidos venham a fazer mea-culpa publicamente. O nosso partido, que está no centro da crise, tem de lavar a roupa suja fora de casa - afirmou.
Segundo ele, o PT tem a responsabilidade de mostrar seu drama e apontar suas irregularidades e concomitantemente fazer um movimento pluripartidário para a reforma polícia para que o que está acontecendo no PT não chegue a outras agremiações.
Mais cedo, o deputado Ricardo Berzoini, novo secretário-geral do PT, reagiu com irritação à denúncia da revista, apesar de afirmar que não lera a reportagem.
- Não li, não sei da história. Se tem algo a dizer, Valério tem a obrigação de apresentar. Deve apresentar o que tiver - afirmou ele, ao chegar à sede do partido, em São Paulo, onde também participou da reunião do Campo Majoritário.
Já o tesoureiro do PT, José Pimentel, disse desconhecer a denúncia da revista.
Segundo a reportagem, Marcos Valério teria exigido por meio do ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha R$ 200 milhões do partido. O empresário teria dito que possui informações contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra os ministros recém-empossados Saraiva Felipe (PMDB), da Saúde, e Hélio Costa (PMDB), das Comunicações.
De acordo com a reportagem, a conversa entre Valério e João Paulo aconteceu no último dia 9. De Belo Horizonte, o empresário ligou para o celular do deputado, que estava em Osasco, cidade na região metropolitana de São Paulo. "Eu vou estourar tudo", teria dito ele a João Paulo, segundo a reportagem publicada pela revista. "Vocês vão se ferrar. Avisa ao barbudo que tenho bala contra ele", completou, numa referência ao presidente Lula.
Ainda segundo a "Veja", Marcos Valério teria feito duas exigências para "não estourar tudo". Ele queria garantias de que não seria preso. Além disso, sugeriu uma operação financeira para, de acordo com a revista, "assegurar seu futuro e o da família".
Marcos Valério teria sugerido intermediar o fim da liquidação do Banco Econômico, que fechou as portas há dez anos. Como corretor da operação junto ao ainda dono do banco, Ângelo Calmon de Sá, Valério estimou que poderia ganhar cerca de R$ 200 milhões.
Alarmado com a ameaça, João Paulo teria ligado para o ex-ministro José Dirceu e também para o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Por meio de ambos, o fato também chegou aos ministros Marcio Thomas Bastos (da Justiça), que no dia 9 estava em São Paulo, e Antonio Palocci (Fazenda), que permanecia em Brasília.
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