O governador Roberto Requião (PMDB) não deve se manifestar se apóia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) neste primeiro turno das eleições. Mesmo estando coligado com os tucanos no Paraná, Requião não dá indícios de que irá abraçar um candidato ou outro. Mas também não deve afastá-los, ou seja, é provável que faça jogo político com os dois lados.
Nesta semana, houve demonstrações disso. No início da semana, Requião conversou por telefone com Alckmin. Ontem foi a vez de haver troca de elogios com o governo federal, durante visita-surpresa do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que liberou R$ 10,7 milhões ao Paraná.
A verba, proveniente do Fundo Penitenciário Nacional, é para a construção de um presídio com capacidade para 800 detentos. O ex-presidente da Itaipu Binacional, Jorge Samek que é o coordenador da campanha à reeleição de Lula no Paraná participou do encontro entre Bastos e o governador.
Na quarta-feira a conversa entre o governador e o presidenciável tucano ocorreu por intermédio do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, que esteve com Alckmin e o pôs em contato com Requião. O ex-ministro dos Transportes, Eliseu Padilha (PMDB) fez parte da intermediação. De acordo com a assessoria da executiva federal peemedebista, Temer tem feito um grande esforço para viabilizar a união entre Requião e Alckmin e inúmeras conversas têm ocorrido. "Para o PMDB, é muito importante a reeleição do Requião. O Alckmin tem procurado solucionar o impasse da aliança e tem sido simpático ao Requião. Mas exige algumas contrapartidas", disse Márcio Freitas, assessor de Temer.
Esse "jogo duplo" de Roberto Requião tem desagradado ao presidente do PT no Paraná, André Vargas, que lembrou o fato de o peemedebista ter agido de forma semelhante nas eleições de 1998. "O Requião quer enganar o Alckmin e o Lula. Em 98 fez aliança com o PT e sequer citou o nome de Lula nos programas de televisão", disse. "A história se repete, só que desta vez a vítima é o PSDB", criticou Vargas.
Nestas eleições, lembra Vargas, o presidente do PMDB de Curitiba, Doático Santos, defende o comitê LulaRequião, mesmo estando os peemedebistas coligados aos tucanos. Em 1998, o atual secretário-estadual do partido do governador, Luiz Cláudio Romanelli, fez um comitê Fernando Henrique Cardoso(PSDB)Alvaro DiasRequião, enquanto a aliança era com os petistas.
Exclusão
As indefinições de Requião e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em relação à confirmação da coligação PMDBPSDB fizeram com que Lula e Alckmin ainda não viessem ao Paraná para fazer campanha. Os dois já estiveram no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O tucano chegou a cancelar sua vinda ao estado devido à indecisão da aliança. Alckmin deverá estar em Curitiba no dia 17, já que o Ministério Público Eleitoral deu parecer favorável à aliança no estado e o TRE fará o julgamento na segunda-feira.
Em Brasília, políticos afirmam que Roberto Requião seria uma espécie de coordenador pró-Lula no Sul do Brasil. Durante a assinatura do acordo penitenciário ontem, Márcio Thomaz Bastos não poupou elogios ao governo do estado. "Tenho satisfação em vir ao Paraná. Aqui há uma bem sucedida integração entre as polícias estadual e federal. A gestão da segurança de forma integrada funciona no Paraná e foi aqui que o processo avançou mais. Existe conceito de parceria e cooperação no estado."
De acordo com Requião, o Paraná trabalha em conjunto com o governo federal e a Polícia Federal. "E os resultados estão aí. A segurança no Paraná tem melhorado muito. Estamos afinados em prol da segurança", afirmou o governador, que espera construir mais uma penitenciária com a verba federal.
O presídio deverá ser em Cruzeiro do Oeste ou Piraquara. Poderá ser uma unidade para 960 detentos, no interior, ou uma menor, com segurança máxima, no complexo de Piraquara. O governo federal repassou ainda R$ 1,2 milhão para o Corpo de Bombeiros do estado em equipamentos de proteção respiratória e individual, aparelhos de mergulho e para atendimento de vítimas de acidentes de trânsito.
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