As celebrações pelo Dia do Trabalho, comemorado ontem em todo o país, foram marcadas por reivindicações para que a crise econômica mundial não seja usada como desculpa para reduzir salários e demitir funcionários. No Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB) manteve o discurso em favor dos trabalhadores e sancionou o novo salário mínimo regional, durante as comemorações em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo, em Curitiba. Reajustado em 14,9%, o mínimo estadual passa a variar entre R$ 605,52 e R$ 629,55.
Para um público estimado em 120 mil pessoas, Requião defendeu que a crise mundial é "fruto da ambição dos banqueiros, que se afundaram na própria ganância" e, por isso, não pode ser paga pelos trabalhadores. O governador revelou que, de agora em diante, qualquer empresário que solicitar uma audiência com o governo para tratar da crise só será recebido com a presença do sindicato da categoria. "As centrais sindicais não devem aceitar a flexibilização das leis trabalhistas nem a redução dos salários. Os trabalhadores do Paraná merecem um salário decente", afirmou.
O vice-governador, Orlando Pessuti (PMDB), declarou que a melhor maneira de combater a crise é investir nos trabalhadores, que, com o aumento do salário mínimo, terão maior renda e poder de compra. "Só assim será possível reaquecer a economia do estado", disse. Apesar de comemorar o novo mínimo regional, o presidente da Força Sindical no Paraná, Sérgio Butka, afirmou que muitos setores ainda enfrentam dificuldades em virtude da crise e, diante disso, os trabalhadores devem continuar lutando pela manutenção dos empregos.
Segundo projeções do Dieese, o novo piso estadual atingirá 468 mil trabalhadores formais e terá um impacto de R$ 754,4 milhões na economia paranaense.
Comemorações pelo Brasil
A CUT e a Força Sindical, principais centrais de trabalhadores do país, aproveitaram a presença do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, nas diversas festas celebradas ontem em São Paulo para pressioná-lo a atender as reivindicações da categoria. O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, criticou o que chamou de lentidão do governo em tomar decisões diante das consequências da crise internacional sobre a economia brasileira. "Temos que cobrar agilidade do governo para atender aqueles setores que estão desempregando. No Brasil, a crise vai passar de setor em setor e temos que ajudar cada um deles a sair desse cenário", disse.
A queda da taxa de juros foi uma das principais bandeiras defendidas pelo presidente da entidade. Segundo Paulinho, se os juros não forem reduzidos com mais intensidade, não haverá crescimento econômico, porque quem tem dinheiro não investirá em produção. Ele revelou ainda que vai insistir na prorrogação do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) mais baixo para o setor automobilístico, caso as vendas não mostrem recuperação até junho prazo final do benefício concedido pelo governo. "O governo diz que não, mas vai ter que manter. Eu posso garantir que eles vão manter", afirmou.
O setor de máquinas e equipamentos, um dos mais prejudicados desde o início da crise, cobrou do governo a aplicação de um plano emergencial para evitar cerca de 50 mil demissões em todo o país. No primeiro trimestre do ano, o faturamento do setor voltou aos patamares de dois anos atrás, enquanto a taxa de emprego estacionou nos mesmos níveis de 2008. "Nossa proposta é clara. Dá para manter o somatório de empregos, com acomodações dentro do setor", declarou o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Fernando Bueno.
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