• Carregando...
Governador Roberto Requião desce a escada do púlpito da Assembleia Legisla­­tiva: no discurso de despedida, críticas ao velho adversário Jaime Lerner | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Governador Roberto Requião desce a escada do púlpito da Assembleia Legisla­­tiva: no discurso de despedida, críticas ao velho adversário Jaime Lerner| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Na despedida, as críticas de sempre

Os sete anos como governador do Paraná não foram suficientes para Roberto Requião (PMDB) deixar de reclamar do governo de Jaime Lerner, seu antecessor.

Leia a matéria completa

Governador reclama de Lula

Depois de elevar o tom das críticas nos últimos dias ao ministro do Planejamento, Paulo Ber­­nardo (PT), o governador Roberto Requião (PMDB) decidiu não poupar também o presidente Lula. Durante a escolinha de governo ontem, Requião mostrou irritação por estar tentando há 90 dias marcar uma audiência com o presidente e não obter resposta até agora.

Os ataques de Requião ao ministro também continuaram pelo segundo dia consecutivo e foram transmitidos pela TV Educativa. Os dois haviam trocado farpas por meio do Twitter, serviço de micromensagens na internet, na última segunda-feira. Tudo começou após Paulo Bernardo ter afirmado que o Paraná não tem tantos projetos do PAC em andamento porque faltaria empenho do governador.

Ontem, Requião voltou a criticar o ministro. "Temos projetos à beça no PAC. Mas estamos sendo discriminados, segundo Paulo Bernardo, porque o governador do Paraná não vai a Brasília se ajoelhar na frente dos ministros e pedir favores especiais", disse durante a reunião semanal do secretariado. Mais tarde, na Assembleia, durante a abertura do ano legislativo, Requião voltou a criticar Paulo Bernardo.

A briga estremeceu a relação entre os dois partidos aliados. No meio do fogo cruzado, estão os deputados estaduais do PT, que fazem parte da base de Requião na Assembleia. Ênio Verri, que foi secretário estadual de Pla­­nejamento até janeiro e que é bastante ligado ao ministro, sugeriu que os dois se dediquem às relações formais. "Isso parece coisa de adolescente. Eles devem conversar pessoalmente para discutir como obter resultados mais positivos para o Paraná e não ficar brincando no Twitter", disso Verri. O deputado Elton Welter (PT) também concorda que falta diálogo entre os dois, mas cutucou o governador ao cobrar solução para o problema do pedágio. (KC)

O governador Roberto Requião (PMDB) descartou ontem enviar à Assembleia Legislativa do Paraná um projeto de lei para aumentar a contribuição dos servidores estaduais para a Paranapre­­vidência – assunto espinhoso para ser discutido em ano eleitoral, quando o próprio governador pretende se candidatar. A elaboração do novo plano de custeio da Paranaprevidência, o fundo de pensão do funcionalismo público do estado, e o envio dele ainda em fevereiro à Assembleia chegaram a ser anunciados oficialmente pelo governo, na semana passada, por meio de reportagem publicada no site da Agência Estadual de Notícias.

Reportagem da Gazeta do Povo publicada na última sexta-feira mostrou que os estudos que estavam sendo feitos na Para­­naprevidência indicavam que a contribuição mensal dos servidores seria fixada em, no mínimo, 11% do valor do salário – atualmente, o porcentual varia de 10% a 14%. Como grande parte dos 263 mil servidores da ativa contribui com 10%, eles teriam aumento de contribuição. O plano ainda avaliava a possibilidade de os inativos, que hoje não contribuem com a Paranaprevidência, passarem a sofrer descontos mensais.

Apesar de o envio do projeto ter sido anunciado oficialmente, ontem o governador desdisse a Agência Estadual quando questionado pela reportagem. "Essa mensagem (de um novo plano de custeio da Paranaprevidência) deve ser de sua autoria porque de minha parte não tem nenhuma", afirmou Requião.

O governador confirmou que a Paranaprevidência está realizando estudos para remodelar o atual plano de custeio e informou que o órgão tem como "obrigação" fazer cálculos atuariais e de viabilidade econômica. "Mas isso não significa que eu esteja para mandar uma mensagem para a Assembleia Legislativa."

Contrários

O aparente recuo do governo em torno do assunto ocorre num momento em que entidades sindicais ligadas ao funcionalismo público se posicionavam contra a proposta e ameaçavam fazer pressão sobre os deputados estaduais para a derrubada da mensagem, caso ela fosse encaminhada ao Legislativo sem uma ampla discussão com os servidores.

"Precisamos conhecer melhor os dados da Paranaprevidência e saber realmente quanto de dinheiro existe no fundo. Se o servidor público vai ter de pagar mais para poder se aposentar, o que somos contra, é preciso haver uma ampla auditoria antes", disse a coordenadora do Fórum dos Servidores Públicos Estaduais, Elaine Rodella.

Discurso contraditório

Após dez anos de criação do fundo previdenciário, a Parana­­previdência argumenta que são necessários ajustes na contribuição dos servidores, porque da forma como está estruturado o plano de custeio não será possível reverter o "déficit técnico atuarial registrado". O governo não divulgou valores atualizados, mas em setembro de 2009, havia a previsão de um rombo de R$ 245 milhões em até 30 anos no fundo.

Ao mesmo tempo em que reconhece prejuízos de longo prazo com o atual modelo previdenciário, o próprio governo costuma divulgar que a Paranapre­­vidência não está com problemas de caixa. Em setembro de 2009, por exemplo, o diretor-presidente do fundo previdenciário, Mu­­nir Karam, declarou na reunião semanal da Escola de Governo que, nos primeiros oito meses do ano, a instituição havia registrado um superávit financeiro de R$ 520 milhões na Paranapre­­vidência. E que a projeção era fechar o ano com R$ 720 milhões – um valor superior em R$ 100 milhões ao registrado em 2008.

No último dia 4, o site oficial do governo do estado também divulgou que a Paranaprevidência registrou em sete anos um crescimento de 900% em seus ativos financeiros (provenientes de títulos federais comprados diretamente do Tesouro Nacional, royalties da Itaipu e contribuições dos servidores). Em 2003 os ativos da instituição somavam R$ 400 milhões e hoje chegam a R$ 4,8 bilhões.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]