O episódio envolvendo o repórter Victor Boyadjian e o senador Roberto Requião ocorreu na última segunda-feira, por volta das 15h30. O jornalista fazia entrevistas para uma reportagem sobre inflação. O paranaense foi questionado inicialmente sobre como os gastos públicos influenciam no crescimento inflacionário.
Em resumo, falou que o governo não deveria insistir em fórmulas tradicionais para conter a alta dos preços e que o país precisa de "salário alto" e "imposto baixo". Boyadjian aproveitou o contexto para questionar a pensão de R$ 24,1 mil que Requião recebe como ex-governador.
"O senhor tocou num assunto que eu vou ter que repercutir, que é o salário alto. Essa pensão que o senhor vem recebendo, ou pode receber, o senhor pretende abrir mão?", perguntou. Requião disse que estava usando a aposentadoria para pagar "multas injustamente impostas".
O repórter insistiu no assunto com outras duas questões, até que Requião tomou seu gravador. Por duas vezes, o senador questionou: "você quer apanhar?" O jornalista propôs desligar o aparelho, mas Requião contestou: "Não vai desligar mais p. nenhuma. Vou ficar com isso aqui."
O senador levou o gravador para seu gabinete e depois o devolveu para Boyadjian, sem o cartão de memória que continha o arquivo com a entrevista. Mais tarde, o filho de Requião, Maurício Thadeu de Mello e Silva, entregou o chip, sem o arquivo. O áudio foi publicado à noite, na íntegra, no site pessoal de Requião.
Na terça-feira, o senador fez um discurso no plenário para se defender. Reclamou do bullying que, segundo ele, é praticado pela imprensa contra os políticos. Também admitiu que "perdeu a paciência", comparou sua indignação à de Jesus Cristo "contra os vendilhões do templo", mas não esboçou qualquer tipo de retratação.
No mesmo dia, o Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal entrou com uma representação contra Requião por quebra de decoro perante à mesa diretora do Senado. A ação, que pede sanção de advertência e censura a Requião, foi despachada para o advogado-geral do Senado, Alberto Cascais. Além disso, Boyadjian fez um boletim de ocorrência para registrar o caso na Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal. Se o processo tiver sequência na esfera federal, será aberto inquérito e todos os envolvidos devem ser ouvidos nas próximas semanas.
Deixe sua opinião