O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), nesta quarta-feira (28) voltou a tocar na polêmica declaração que fez durante a Escola de Governo, na manhã de terça-feira (27). O governador afirmou que quis apenas alertar para os riscos do abuso de hormônios femininos quando relacionou o câncer de mama masculino a paradas gay.
"Quando me referi às paradas da diversidade, ocorriam-me os riscos que o abuso de hormônios femininos, com fins terapêuticos ou estéticos, representam para a saúde. Entre os riscos, o câncer de mama", explicou Requião, por meio de nota.
No texto, o governador afirmou estar sendo impiedosamente criticado pela declaração e garantiu que sempre lutou pela liberdade das minorias. Ele citou políticas de saúde voltadas para o combate ao preconceito adotas pelo governo estadual.
"Só conheço um gênero de pessoas - o gênero humano. O mais são opções e escolhas, que sempre respeitei, como cidadão ou governante. A minha vida pública tem sido uma teimosa, insistente luta em favor da liberdade e das minorias, cuja defesa é a essência do processo democrático", disse.
Requião disse repudiar as críticas mal intencionadas, feitas, segundo ele, com objetivos eleitoreiros. "Aceito sem desagrado as intervenções dos bem-intencionados. É a eles que dirijo este esclarecimento. E repudio as intervenções dos mal intencionados, daqueles que buscam aproveitar-se do ocorrido para extorquir vantagens políticas e eleitorais".
Veja a íntegra da nota:
Nota do governador Roberto Requião
O tom lúdico que usei no lançamento da campanha de prevenção do câncer de mama, entre mulheres e homens, acabou provocando uma onda de recriminações. Quando me referi às paradas da diversidade, ocorriam-me os riscos que o abuso de hormônios femininos, com fins terapêuticos ou estéticos, representam para a saúde. Entre os riscos, o câncer de mama. Em razão disso, estou sendo impiedosamente criticado.
Só conheço um gênero de pessoas o gênero humano. O mais são opções e escolhas, que sempre respeitei, como cidadão ou governante. A minha vida pública tem sido uma teimosa, insistente luta em favor da liberdade e das minorias, cuja defesa é a essência do processo democrático. Como primeiro prefeito eleito de Curitiba pelo voto popular, depois do fim da ditadura militar, fui também um dos primeiros governantes brasileiros a tirar da sombra a questão da diversidade.
O combate ao preconceito e à discriminação nos levou, por exemplo, a avanços na área da saúde. Com o meu então secretário da Saúde, Nizan Pereira, estabelecemos com o movimento GLTB vínculos de respeito, colaboração e de parcerias. Da mesma forma, quando assumi o Governo do Paraná pela primeira vez, em l991, com Nizan Pereira novamente na Secretaria da Saúde, intensificamos as ações tanto dirigidas ao combate ao preconceito quanto as ações na área da saúde pública. Para escândalo de muitos, para a censura dos conservadores, trouxemos a questão da diversidade para a esfera da administração pública.
Agora, em meus segundo e terceiro mandatos, essa política avançou ainda mais. Temos, por exemplo, uma Secretaria de Estado voltada inteiramente às demandas das minorias e da diversidade, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, comandada por Nizan Pereira. Logo, não posso entender que orquestrem contra mim e meu Governo uma campanha tão forte, atirando-nos à vala dos preconceituosos e dos homófobos. A tolerância tolera tudo, menos a intolerância. E esta intolerante manifestação ao uso de humor, para chamar a atenção ao lançamento da campanha contra o câncer de mama, é inaceitável.
De todo modo, uma coisa é certa: nunca uma campanha de saúde chamou tanta atenção como esta, especialmente entre os homens, boa parte deles ignorantes de também serem vítimas potenciais do câncer de mama. Aceito sem desagrado as intervenções dos bem-intencionados. É a eles que dirijo este esclarecimento. E repudio as intervenções dos mal-intencionados, daqueles que buscam aproveitar-se do ocorrido para extorquir vantagens políticas e eleitorais.
Roberto Requião Governador do Paraná Curitiba, 28 de outubro de 2009
PF prende Braga Netto por ordem do STF
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
De comandante a detido no Comando Militar do Leste: a trajetória de Braga Netto
“Plano B” de Eduardo expõe ruídos da direita em manter Bolsonaro como único candidato para 2026
Deixe sua opinião