O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), afirmou que manterá a pré-candidatura à Presidência da República, apesar de a direção nacional do partido já estar em conversas para confirmar a aliança com o PT. "Mais do que nunca há necessidade de um candidato progressista e popular dentro do PMDB", reagiu Requião, em entrevista nesta terça, em Curitiba. Para ele, a convenção de sábado, que reconduziu o deputado federal Michel Temer à presidência da legenda, foi um "golpe", por encurtar prazos e não dar tempo de se inscreverem chapas.
"Eu não diria nem (chapa) de oposição, mas agora mostraram as garras designando o Meirelles (Henrique, presidente do Banco Central) para fazer um programa para o PMDB", criticou o governador. "O PMDB é o partido das classes populares, o Meirelles representa o capital vadio, os banqueiros, o capital que não produz nada, a especulação das bolsas, o lucro fantástico dos bancos, e isso nos estimula ainda mais, mexe com nossa adrenalina e nos chama à responsabilidade de participar da convenção com um programa nacionalista e popular em contraponto a esta corrupção do PMDB, corrupção de seus princípios básicos."
Requião disse que após o carnaval organizará a programação para percorrer os Estados. "A base do PMDB quer candidato próprio, quer candidato popular", garantiu. Pouco antes da entrevista, ele tinha mostrado insatisfação com o partido na Escola de Governo, reunião semanal com os assessores diretos, transmitida pela televisão estatal.
"O Temer está falando em coligação a partir de um plano de governo redigido pelo Meirelles, que é representante da Associação Brasileira de Bancos Internacionais. É por isso que eu me preocupo com o encaminhamento da arrecadação do Estado do Paraná e da continuidade, validade e permanência das medidas tributárias que tomamos", afirmou.
De acordo com ele, Meirelles deixou o PSDB, pelo qual foi eleito deputado federal por Goiás, para entrar no PMDB, "por indicativo do presidente da República". E, agora, o presidente do Banco Central é encarregado de elaborar o plano que será levado para a aliança. "O que demonstra que a aliança, que parecia circunstancial, uma necessidade política de momento, acabou se consolidando", criticou. "Para mim, como cidadão e governador, é de paladar muito amargo e de digestão muito difícil a aliança que estamos vendo no Brasil nesta antecipação do processo eleitoral." Requião lamentou que o "velho PMDB de guerra" estaria "alugado pelo capital internacional". "Mas eu espero que mais à frente a gente consiga resolver esse problema", destacou.
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