O governador Roberto Requião afirmou ontem que não deve "desculpa nenhuma" pelas declarações que fez na Escola de Governo da última terça-feira. Na ocasião, o governandor relacionou o câncer de mama em homens às paradas gays. O pedido de retratação foi apresentado por deputados estaduais e movimentos da comunidade homossexual na quarta-feira. Além de não se desculpar, Requião ainda colocou em dúvida ontem a opção sexual do deputado estadual José Lemos (PT), que subiu na tribuna da Assembleia Legislativa na quarta-feira para criticar o governador.
"Eu quero pedir desculpas ao Lemos, eu nunca imaginei que eu fosse mexer com suas opções sexuais. Agora, recomendo a ele, que não use hormônio feminino, porque pode ser perigoso, não faça implante de silicone. E rapidamente, do ponto de vista da prevenção e da manutenção da sua saúde, que faça um exame de mama para ver se não tem nenhum problema", declarou Requião, novamente usando de ironia para responder às críticas às suas gafes.
Lemos não foi o único deputado a cobrar do governador uma retratação por causa das declarações na escolinha. Além dele, os deputados Antonio Belinati (PP), Marcelo Rangel (PPS) e Pastor Edson Praczyk (PRB) também criticaram Requião. Apesar disso, apenas o deputado petista foi alvo da ironia do governador.
O parlamentar atribuiu o ataque direcionado a um desentendimento com o governo que vem desde a época em que ele presidia a APP-Sindicato. A situação se agravou nas últimas semanas, quando Lemos afirmou que o orçamento de 2010 não previa investimento de 25% para a educação básica. Na quarta-feira, Romanelli chegou a chamar o deputado de "sem-vergonha" por causa da declaração.
"O governador aproveita-se desse momento para tentar me ridicularizar, fazendo chacotas, dizendo que ao defender a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), eu estou fazendo defesa em causa própria", disse o deputado, que afirmou repudiar "a forma de reagir do governado às pessoas que não concordam com a forma como ele pensa". O deputado informou que estuda com advogados quais medidas judiciais poderá tomar contra as declarações do governador.
Sem resposta
Requião descartou a possibilidade de abrir espaço na Escola de Governo para os grupos que representam a comunidade LGBT respondam ao seu comentário. "Esse já é um assunto encerrado", afirmou. Na quarta-feira, representantes do Grupo Dignidade e da Associação Paranaense da Parada da Diversidade (Appad) estiveram na Assembleia para pedir aos deputados que pressionem o governador a abrir o espaço para eles na escolinha.
Em discurso na tribuna da Assembleia, Requião disse ainda que a declaração foi apenas um "chamamento lúdico" para alertar sobre os perigos do uso de hormônios femininos e próteses de silicone e atribuiu à oposição a repercussão do caso.
"Evidente que não sou homofóbico. Sou até uma espécie de presidente de honra do Movimento Dignidade. O Paraná é um estado que tem uma tradição antiga de defesa das minorias. Mas as oposições, desesperadamente, se reúnem para transformar pequenos incidentes, uma manifestação clara de humor, em acontecimentos políticos negativos."