“O único partido que não tinha divergência era o nazista, e o chefe dele era o Hitler.” Roberto Requião, governador do Paraná| Foto: SECS

Governador nega aspiração à Presidência

Contrariando as palavras do irmão Eduardo Requião, que em entrevista à Gazeta do Povo publicada domingo afirmou que estaria trabalhando em favor da candidatura do governador à Presidência da República em 2010, Roberto Requião afirmou que – pelo menos por enquanto – não considera ser sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva.

"Por mim, não (estou considerando isso). Talvez o partido, ou algum setor esteja. Mas eu, não." O governador foi ouvido rapidamente durante sua visita às novas instalações do colégio estadual Paulina Borsari, no Guabirotuba, em Curitiba.

Eduardo Requião, que comanda a Secretaria de Representação do Paraná em Brasília, apesar de se mostrar entusiasmado com uma possibilidade de candidatura do irmão à Presidência, admite também – na condição de "solução óbvia" – concorrer para senador.

A falta de interesse declarada do governador paranaense ao Palácio do Planalto posterga a possibilidade de soluções do PMDB nacional com vistas a 2010. Especialmente após as declarações do senador Jarbas Vasconcelos, a falta de um nome forte continua rachando o partido com as alianças distintas – enquanto parte do partido já flerta com o PSDB de José Serra, outros preferem se apoiar no governo Lula.

André Lückman

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Enquanto lideranças do PMDB batem boca publicamente através de notas oficiais na imprensa sobre o rumo do partido nas eleições de 2010, o governador Roberto Requião decidiu frear os ânimos dos aliados.

Nem aliança com PSDB nem PT. Requião afirmou que o partido não quer disputar a eleição a reboque de outro partido e apresentará um nome na sucessão de 2010.

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O governador deu também um puxão de orelha nos peemedebistas que estão se apresentando como porta-vozes do partido e falando em apoio a uma possível candidatura a governador de Beto Richa (PSDB) ou numa aliança com o PT no primeiro turno, que também anuncia candidato próprio. "O PMDB no Paraná vai lançar candidato. Mas o clima tem que ser melhorado. O partido tem de debater internamente, e as opiniões têm que ser colocadas com clareza", afirmou ontem, durante uma visita às novas instalações do colégio estadual Paulina Borsari, no Guabirotuba. "O único partido que não tinha divergência era o nazista, e o chefe dele era o Hitler", completou.

Foi a primeira vez que o governador se manifestou sobre a sucessão depois que conflitos internos começaram a ganhar destaque na mídia e exibir as divergências políticas entre a bancada estadual e o grupo do sobrinho de Requião e secretário-geral do PMDB, João Arruda.

Uma sequência de provocações entre Arruda e o vice-presidente estadual do partido e líder do governo na Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli, se arrastou durante o fim de semana.

Romanelli e o presidente estadual, Waldyr Pugliesi, admitiram que uma ala do partido defende o apoio a Beto Richa. Arruda reagiu e divulgou nota afirmando que "é mais fácil galinha criar dente do que o PMDB apoiar o PSDB".

Romanelli rebateu argumentando que ninguém fala em nome do partido, apenas o presidente Waldyr Pugliesi. Arruda retrucou e disse que o PMDB terá como candidato próprio a governador o atual vice, Orlando Pessuti, e não irá apoiar nenhum tucano "nem que a vaca tussa".

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Segundo fontes ligadas ao governador, João Arruda seria uma espécie de "ventríloquo" de Requião, expressando publicamente a opinião do tio. A declaração de ontem do governador, anunciando candidatura própria, comprova essa tese.

Embora tenha respaldo do governador para dar o tom de como deve se comportar o partido, Arruda sofre resistência entre os deputados. "Dirigente partidário não pode sair ditando regras sem ouvir a bancada. O processo está só começando e ele precisa respeitar os atores políticos", disse Romanelli.

O deputado explica que a tendência da bancada é de apoio a Pessuti, mas há simpatizantes de Beto Richa e até do senador Osmar Dias (PDT). Diante dessa divisão, Romanelli voltou a levantar a hipótese de aliança com os tucanos. "Aqui, dos 7 deputados do PSDB, 5 apóiam o governo Requião. Não estamos descartando nenhuma possibilidade", afirmou.

Para Romanelli, o mais complicado seria uma coligação com o PT, comandado no Paraná pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, e pela mulher, Gleisi Hoffmann. "É um partido que vive um momento complexo. Gosta muito de participar do governo Requião, mas uma parte que está em Brasília tem horror ao nosso governo. Temos um quadro que não dá para ficar fazendo de conta que não existe."

Como presidente do partido, Pugliesi tenta evitar mais polêmica. "A nossa posição oficial é de candidatura do Pessuti", diz. Só que não excluiu outras possibilidades ao ressaltar que "isso não impede o PMDB conversar com outros partidos.

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