A implicância do governador Roberto Requião com a imprensa é muito antiga. Desde seus tempos de prefeito de Curitiba (1985– 1988) dedica-se a culpá-la por suas eventuais desventuras. Repetiu a mesma cantilena quando senador por oito anos (1994–2002) e como governador pela segunda vez (2003– 2006). Sempre se colocou como vítima indefesa da conspiração diabólica e permanente da grande mídia – dos "jornalões", como costuma dizer. Chegou a responsabilizar a imprensa por sua quase-derrota na última eleição.

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E não fez outra coisa anteontem, no seu discurso de posse. Dedicou ao tema longa peroração. Às costumeiras críticas, desta vez acrescentou conselhos de comportamento, defendendo a visão ideal do que considera seja uma mídia voltada para o interesse público.

Para Requião, o remédio contra essa imprensa maldosa, que tanto o desagrada e persegue, é não destinar-lhe verbas de publicidade governamental. Seria a melhor forma de domesticá-la. Prometeu várias vezes ao longo de sua carreira deixar de fazer propaganda de seus atos. Os números, no entanto, sempre desmentem sua intenção e revelam seu gosto pela divulgação com dinheiro público: em 2005, segundo dados do Tribunal de Contas, o governo estadual gastou R$ 90 milhões em propaganda para falar para 10 milhões de paranaenses. Lula, R$ 331 milhões para 190 milhões de brasileiros. Com contas de divisão bastante simples, conclui-se que Requião gastou R$ 9 por habitante, ao passo que Lula, acusado de gastador, aplicou R$ 1,74 para cada brasileiro.

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Olho vivo

Avon clama 1 – As senhoras que batem à porta das amigas para vender produtos da Avon estão apreensivas. Se o governo do estado conseguir mais do que dobrar a alíquota do ICMS, os cremes, perfumes e batons da marca vão ficar muito caros e elas, perder freguesia. O assunto está sendo discutido na Justiça.

Avon clama 2 – Tudo começou em agosto do ano passado, quando a Secretaria da Fazenda rompeu um acordo firmado em 1996 com a Avon Cosméticos e elevou de 30% para 72% o imposto sobre seus produtos. A empresa entrou na Justiça contra a decisão do governo, mas a ação ainda não foi julgada. Enquanto isso, a diferença (42%) está sendo bancada pela própria Avon por meio de depósitos judiciais.

Avon clama 3 – Empresa com tradição de 120 anos, a Avon não tem lojas. Suas vendas são feitas de porta em porta por milhares de revendedoras – a maioria mulheres que se esforçam para complementar o orçamento da família e que agora se vêem ameaçadas com a fuga de clientes e conseqüente queda de renda. Só no Paraná, a Avon tem um exército de quase 80 mil revendedoras.

Violência – Se as estatísticas do Instituto Médico Legal (IML) estiverem corretas e servirem de medida da violência em Curitiba e região metropolitana, pode-se inferir que a situação melhorou em 2006 em relação a 2005. Pouca coisa, mas melhorou. No ano que terminou, passaram pelo IML 2.886 corpos de vítimas de violência, enquanto que em 2005 foram 2.927, ou seja, 41 casos a mais. Houve diminuição no número de mortes por acidentes de trânsito (528 em 2006 contra 767 em 2005) e também em homicídios por arma de fogo (773 em 2006 contra 801 no período anterior).

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"PODE DERRUBAR TUDO. NÃO É ASSIM QUE EU MANDEI."

Do governador Roberto Requião, passando uma descompostura no secretário de Obras, Luiz Caron, diante de câmaras de televisão. Ele não gostou das paredes divisórias colocadas para isolar o gabinete que usará no novo prédio do Centro Cívico, sede provisória do governo enquanto o Palácio Iguaçu estiver passando por reformas.

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celso@gazetadopovo.com.br

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