Além de mostrar em quais cidades a disputa está polarizada ou embolada, a primeira rodada de pesquisas Ibope/RPC/Gazeta do Povo também reflete a tendência de reeleição de alguns prefeitos, de retorno de ex-mandatários e de renovação. Essas perspectivas não necessariamente aparecem diretamente ligadas com a avaliação positiva das gestões do governador Roberto Requião (PMDB) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em cinco dos sete municípios em que foram realizadas consultas, os aliados do governo estadual e/ou federal não lideram as intenções de voto. As exceções são Paranavaí e Ponta Grossa. Em Foz do Iguaçu, há empate técnico no primeiro lugar, com o candidato apoiado pelo governador bem posicionado na disputa.
Os números desfavoráveis aos aliados dos governos aparecem também em cidades em que os consultados pelo Ibope indicam avaliação positiva para Requião e Lula. Ambos concentram entre o patamar mínimo de 34% e o máximo de 63% dos entrevistados apontando as gestões como boa ou ótima. Mas esses índices altos de satisfação não se refletem na intenção de votos dos candidatos apoiados.
A presidente em exercício do diretório estadual do PT, deputada estadual Luciana Rafagnin, diz acreditar que a boa avaliação de Lula ainda vai colar na imagem dos petistas. "O eleitor vai perceber que o candidato do presidente é o nosso candidato", diz. O presidente do PMDB no Paraná, o deputado estadual Waldyr Pugliesi, também confia que a empatia do eleitor com o governo Requião vai se traduzir em votos para os postulantes do partido.
O professor de Sociologia Marco Rossi, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), afirma que não há transferência automática de intenção de voto. "Não é porque o candidato tem foto abraçando o Lula que ele vai ganhar o eleitor. Uma coisa é o sujeito ser amigo do presidente. Outra bem diferente seria o próprio Lula governar o município. Como isso não vai acontecer, não há essa relação direta", explica. Para Rossi, como o voto é definido por um viés personalista e sentimental, as pessoas são bem avaliadas independentemente do partido. Ele destaca que há sempre a figura do cacique político local que consegue votos independentemente de alianças. Alexandro Dantas Trindade, sociólogo e cientista político pela Universidade de Campinas (Unicamp), salienta que a avaliação positiva de um determinado aliado pode não definir o voto, mas que a rejeição a ele têm mais chances de influenciar o eleitor.
Condição favorável
O diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, lembra que, invariavelmente, os prefeitos bem avaliados estão em condição mais favorável nas pesquisadas de intenção de voto. "Eu sempre digo para os candidatos: esqueçam a campanha eleitoral e se concentrem na gestão. Se o mandato estiver com boa imagem, o eleitor corresponderá", conta. Hidalgo também enfatiza que é normal que os prefeitos sejam também os mais rejeitados nas consultas. "Estão mais expostos e são mais cobrados", frisa. Ele acrescenta que também motivam altos índices de rejeição o fato de alguns candidatos serem desconhecidos do grande público. "Não sei quem é e então não gosto da idéia de que ele seja eleito", exemplifica.
O diretor também relata que é comum que os políticos queiram somar à avaliação os porcentuais referentes aos consultados que consideram a administração regular. "Isso é um erro porque muitas vezes o eleitor que considera a administração apenas regular não pretende votar no candidato à reeleição ou no aliado", diz.
* * * * * *
Interatividade
Você acha que a avaliação positiva de Requião e Lula não refletem na votação de seus aliados?
escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Congresso mantém queda de braço com STF e ameaça pacote do governo
Deputados contestam Lewandowski e lançam frente pela liberdade de expressão
Marcel van Hattem desafia: Polícia Federal não o prendeu por falta de coragem? Assista ao Sem Rodeios
Moraes proíbe entrega de dados de prontuários de aborto ao Cremesp