O governador Roberto Requião foi vaiado ontem, durante encontro organizado pela Vila Campesina e Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), no Teatro Guaíra. Ao lado do presidente Hugo Chávez, Requião se irritou ao ver, entre cartazes dos movimentos de esquerda, uma faixa em protesto ao nepotismo no Paraná. O governador tentou defender sua posição contra a emenda elaborada pela Assembléia Legislativa e derrubada pela base governista, mas foi interrompido por vaias da platéia.

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Depois de falar durante dez minutos sobre a relação Paraná – Venezuela e tecer elogios a Chávez, Requião pediu licença ao coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile, para abordar "um problema interno do estado". "Me permita uma licença revolucionária, companheiro Stédile: a proposta contra o nepotismo que estava na Assembléia Legislativa era uma proposta venéria", disse ele, fazendo um trocadilho com o nome do autor da emenda, Tadeu Veneri (PT). A declaração foi recebida com mais vaias.

Alterado, Requião disse ao microfone que a emenda de Veneri é uma "proposta de m..." e afirmou que as críticas feitas ao governo do Paraná são "bobagens pequeno-burguesas". E acrescentou: "O que importa se o secretário é parente do governador ou se a direita é defensora da expulsão dos camponeses da terra que ocupam?"

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Segundo Requião, a proposta da Assembléia era falha porque permitia aos deputados contratar parentes. "Era uma mentira, mas o governo do Paraná mandou uma proposta de verdade, eliminando toda a possibilidade de contratação, mas os covardes fugiram dela, não votaram a proposta do governo e hoje representantes deste pequeno movimento de m...", disse, em meio às manifestações da platéia. "Pela libertação da América Latina, abaixo à mediocridade, à safadeza e à mentira. Da integridade do governador do Paraná ninguém pode duvidar, mas a canalhice de uma proposta mentirosa tem que ser esclarecida", declarou Requião.

O governador disse ainda que Lula também deve ser considerado um líder de esquerda. "Não importa se há um certo nível de corrupção no governo federal. Importa é que o Lula resiste à internacionalização da economia."

Cerca de 2 mil pessoas ouviram o discurso de Requião. O auditório estava lotado de militantes de movimentos de esquerda, que esperavam ver e ouvir o presidente venezuelano. Durante o encontro, Chávez e Requião assinaram o Manifesto das Américas em Defesa da Natureza e da Diversidade Biológica e Cultural.

A platéia esperou das 8h30, horário marcado para o encontro, até 12h50, hora da chegada do governante da Venezuela ao Teatro Guaíra. Exibindo bandeiras, bonés e camisetas do MST e do líder revolucionário Che Guevara, os militantes receberam Chávez cantando o hino dos sem-terra, junto com a cantora Beth Carvalho, que também assina o manifesto.

O documento, elaborado pelo teólogo Leonardo Boff, questiona a sociedade de consumo, alerta para o custo da exploração da natureza e das pessoas e ainda condena o uso das sementes Terminator e de organismos transgênicos no ambiente.

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