Segurança e saúde devem dominar a campanha eleitoral
Se algum candidato quiser a atenção do eleitor durante a campanha eleitoral, ele deverá falar sobre dois temas: saúde e segurança. Esse é o entendimento de cientistas políticos ouvidos pela Gazeta do Povo com base no levantamento realizado pela Paraná Pesquisas. Os dois temas figuram entre os que tiveram, na percepção dos curitibanos, menos atenção por parte da prefeitura e do governo estadual.
Na esfera estadual, 43% dos entrevistados elegeram a segurança como a área com a menor prioridade no governo Requião, seguida da saúde, com 30,8%. É a mesma percepção sobre o governo Richa, que teve como principais deficiências apontadas a segurança pública (30%) e a saúde (21,9%).
Inicialmente, os dados parecem contraditórios já que a saúde foi apontada também como o segundo item que mais recebeu atenção do governador nos últimos sete anos, com lembrança de 15,5% dos entrevistados. Na esfera municipal, a área foi apontada como a terceira prioridade do prefeito, segundo a pesquisa, com 22% das citações.
Em seus mandatos, tanto Requião quanto Richa colocaram a saúde como prioridade. O governador saiu do cargo exaltando a edificação de 13 grandes hospitais públicos, a reforma de outros 31 e a construção em andamento de 300 Clínicas da Mulher e da Criança em sete anos. Já o prefeito deixou a cidade orgulhando-se de, em cinco anos, ter construído 63 novos equipamentos e lançado o programa Mãe Curitibana, que atendeu 85 mil gestantes no período.
O diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, esclarece a aparente contradição: saúde é um tema com demanda contínua e "sem fundo". Sempre haverá procura e pedido de melhoria de qualidade, por mais que haja esforço dos governos. E, muitas vezes, os investimentos não são sentidos pela população. "Os governantes investem muito em infraestrutura e pouco em atendimento", analisa. A diferença é que, em vez de priorizar a construção, a população espera ter bons médicos, receber tratamento adequado, ter rapidez nas consultas e facilidade de acesso a exames.
Segurança
Para o professor de Ciência Política do UniCuritiba, Carlos Strapazzon, o problema da segurança não é exclusivo de Curitiba ou do Paraná. Ele é uma demanda global. Strapazzon culpa os veículos de comunicação para a construção desse cenário. "Existe uma histeria coletiva no mundo inteiro sobre o tema segurança. Basta ser consumidor de mídia televisiva."
A professora de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná, Luciana Veiga, acredita que um diferencial para os candidatos é dominar o tema, principalmente aqueles que terão como base a capital e as cidades da região metropolitana. "Caso algum dos principais candidatos se sinta seguro para trazer tal tema para o centro da campanha e se sinta capaz de dominá-lo, ele poderá sair fortalecido na disputa, pelo menos na região em que esta pesquisa cobre, a cidade de Curitiba." (HC)
O ex-governador Roberto Requião deixou o comando do Paraná, após sete anos e três meses, com a pior avaliação do curitibano no comparativo com os governos do presidente Lula e de Beto Richa, que ficou cinco anos e três meses no cargo de prefeito de Curitiba. O ex-governador tem o menor índice de satisfação (39,4%) e a maior porcentagem de descontentamento (30,4%). Já o presidente e o ex-prefeito tiveram a administração julgada como ótima ou boa por mais de 65% e ruim ou péssima por menos de 10% dos entrevistados (veja infográfico).
O levantamento foi feito pela Paraná Pesquisas, a pedido da Gazeta do Povo. O instituto entrevistou 680 moradores da capital, maiores de 16 anos, entre os dias 29 e 31 de março. A margem de erro é de 4%.
A percepção positiva do curitibano em relação ao governo Lula (66,2%) aproxima-se da média nacional apontada na semana passada pelo instituto Datafolha: 76% de avaliação ótima ou boa. Já Richa, que renunciou ao cargo nesta semana para concorrer ao governo do Paraná, tem uma imagem positiva junto ao eleitor de Curitiba bem próxima do porcentual de votos da eleição de 2008, quando foi reeleito prefeito da cidade por 77% dos eleitores.
A aprovação maior de Lula e Richa em relação a Requião repete-se quando a população é incitada a avaliar o segundo mandato dos três. Mais de 30% dos entrevistados consideraram que o presidente e o ex-prefeito tiveram um segundo mandato melhor que o primeiro, enquanto 16% acreditam que o segundo mandato de Requião foi melhor. Consequentemente, o último mandato de Requião foi considerado pior que o primeiro por 29,9% dos entrevistados, contra um porcentual de 13,5% para o governo Lula e 9,9% para o segundo mandato de Richa.
Repercussão eleitoral
Os números apontados pela Paraná Pesquisas podem indicar a influência dos três personagens nas eleições deste ano, através do carisma individual e da satisfação da população com o trabalho realizado por cada um deles. "Lula, como cabo eleitoral em Curitiba, é importante, melhor que o governador Requião. Ele é bem avaliado. Estou impressionado com a avaliação positiva dele", diz o professor de Direito Constitucional e Ciência Política do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), Carlos Strapazzon.
Para o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, o ex-governador sofreu o desgate comum aos governantes de segundo mandato consecutivo, já que encerrou a gestão anterior, segundo ele, com aprovação superior a 50%. Desde 2003, o ex-governador entrou em diversas polêmicas, principalmente em áreas estratégicas como energia (Copel) e contas públicas (Itaú).
Requião sempre alegou, nestes casos, a defesa do interesse público. A principal "briga" teve como base uma promessa de campanha de 2002, sobre a cobrança de tarifa para o tráfego em rodovias no Paraná. "O pedágio abaixa ou acaba" foi o principal mote de sua candidatura.
Desde então, iniciou-se uma briga jurídica entre as concessionárias e o governo estadual, mas sem efeitos práticos para a população. Apesar disso, Requião marcou posição sobre o assunto, refletida na avaliação do curitibano das áreas em que houve mais e menos atuação do governo. "Estradas" foi o item mais citado como prioritário para o ex-governador (19,8%). E o "pedágio" foi o quarto (17,3%) item com menos atenção. "O índice de promessas não cumprida explica um pouco a aprovação menor (de Requião)", considera Hidalgo.
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