Em evento tido como o primeiro passo para a ruptura do PMDB com o PT, o congresso da Fundação Ulysses Guimarães, centro de estudos do partido, tornou-se palanque nesta terça-feira (17) de discursos favoráveis ao desembarque imediato do partido da gestão Dilma Rousseff e contrários ao programa econômico lançado pelo vice-presidente Michel Temer.
Apesar da tentativa do vice-presidente em conter as críticas contra o programa “Uma Ponte para o Futuro”, que propõe medidas econômicas contrárias às adotadas pelo governo federal, o documento partidário sofreu ataques de peemedebistas.
Em discurso duro, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que rejeita de forma “completa” e “absoluta” as medidas econômicas e afirmou que, pelo teor conservador, documento não seria redigido nem pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nem pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Família Requião assume linha de frente contra nova postura do PMDB
Leia a matéria completa“O documento é submisso a uma política global de dominação e a precarização do estado e do trabalho. Esse documento não representa o PMDB”, disse. “É um documento pior do que as piores posições do Levy e do PSDB”, acrescentou.
Na abertura do congresso, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moeira Franco, tentou amenizar as críticas ao documento e ressaltou que ele não é definitivo e que sofrerá alterações até a convenção nacional do PMDB, em março.
Estatuto
Requião fez também uma defesa dura do atual estatuto e disse que rejeita qualquer alteração no texto, uma das medidas que serão propostas pelo congresso. “Não aceitamos de forma alguma mudança de estatuto”, afirmou, dizendo que todas as discussões de hoje querem criar um documento “que já existe”.
Já o deputado estadual Requião Filho (PMDB-PR) fez uma questão de ordem afirmando que o congresso não deveria ser o momento para discutir o estatuto. “Se possível, vamos deixar essa discussão do estatuto para os estados”, disse.
Proposta ataca problemas criados com apoio do próprio partido
O eixo central do programa discutido pelo PMDB se baseia em erros na condução da política fiscal, orçamentária e previdenciária que contaram com a contribuição decisiva do partido para entrar em vigor. Em raros momentos desde a redemocratização, no entanto, o partido não contou com a maior bancada no Congresso Nacional ou fez parte da gestão do Poder Executivo.
O documento fala em “excessos” cometidos nos últimos anos, seja com a criação de novos programas, ou com a ampliação de antigos, ou mesmo admitindo novos servidores ou assumindo investimentos acima da capacidade fiscal do Estado. Critica também a vinculação de gastos, inclusive com saúde e educação, previstos na Constituição.
Entre 1985 e 1990, a gestão José Sarney (PMDB) se caracterizou pelo lema “Tudo pelo social” e ações econômicas oscilantes, da criação do seguro-desemprego ao congelamento artificial de preços e salários. O PMDB também foi o partido majoritário durante a Constituinte (1987-1988), com 322 dos 584 deputados e senadores, e controlou os trabalhos com Ulysses Guimarães.
O documento também faz críticas à criação de novos impostos. Foi durante a gestão do peemedebista Itamar Franco, no entanto, que foi criado o Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), que depois deu origem à CPMF.
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