Avaliadas em pequenas fortunas, residências oficiais de lazer de governadores estão às moscas em pelo menos quatro estados: Rio de Janeiro, Maranhão, Paraná e Rio Grande do Sul. Em tempos de crise econômica, elas ajudam a aumentar o desperdício de recursos públicos em orçamentos já apertados.
São palácio na montanha, casa na praia e ilhas adquiridos pelos governos, em alguns casos, há quase cem anos, e que não têm sido usados. Nenhuma hospedagem foi registrada em 2015. Há imóveis fechados há anos. Mas a conta para mantê-los chega todo mês aos cofres públicos.
Última visita a palácio no Rio de Janeiro foi há dez anos
No Rio, a despesa é de cerca de R$ 180 mil por ano. Esse é o custo com cinco funcionários e serviços de limpeza, segurança, água e luz para o Palácio da Ilha de Brocoió, na Baía de Guanabara, a residência oficial de verão do governador. Apesar da despesa, o último a se hospedar por lá foi o casal Anthony e Rosinha Garotinho, há quase dez anos.
Leia a matéria completaNo Paraná, uma ilha que pertence ao estado está há quatro anos sem uso. É a Ilha das Cobras, casa oficial de veraneio do governador. A última vez em que o refúgio recebeu um chefe de estado foi em 2011, quando Beto Richa (PSDB) se hospedou por duas vezes. Nos últimos anos, faltaram visitantes e sobraram despesas. Segundo o governo, a casa de praia teve pintura nova e consertos eventuais, mas o montante gasto não foi informado.
Apesar da situação financeira crítica do estado − em 2013 e 2014, as contas apresentaram déficit −, a Casa Civil informou que não há planos de vender ou destinar o imóvel para outro uso.
A Ilha das Cobras não é o único imóvel subutilizado pelo Executivo paranaense. A Granja do Canguiri, moradia oficial do governador na Região Metropolitana de Curitiba, está vazia. Richa não quis morar lá e vive com a família em sua casa, segundo a Casa Civil, sem ônus para o estado. A Granja tem sido usada esporadicamente para reuniões ao custo de R$ 87 mil por ano.
Palácio de inverno
Já quem visita a Serra gaúcha se impressiona com a imponência de um palácio encravado na montanha no município de Canela, cartão-postal da região. Trata-se do Palácio das Hortênsias, residência de inverno do governador. O imóvel levou 12 anos para ser erguido e foi inaugurado em plena ditadura militar (1964). Nos últimos tempos, entretanto, caiu em desuso, recebendo apenas reuniões esporádicas.
Tarso Genro (PT) foi o último governador a passar alguns dias na propriedade após a derrota eleitoral no ano passado. Com um custo fixo para o estado de cerca de R$ 27 mil por ano, fora despesas extras, que, em 2014, oneraram em R$ 336 mil o orçamento, a atual gestão estuda a alienação do imóvel.
No Maranhão, promessa é de vender imóvel de R$ 20 mi
Famosa pelas festas de fim de ano oferecidas pelo governo à beira-mar, a casa de veraneio São Marcos, em São Luís, no Maranhão, estará com os dias contados se o governador Flávio Dino (PCdoB) cumprir a promessa de campanha e vender o imóvel.
Leia a matéria completaO atual governador, Ivo Sartori (PMDB), nunca esteve no palácio, mas a lista de compras para a propriedade no início de sua gestão causou polêmica. Em fevereiro passado, um pregão foi aberto para comprar lençóis de cetim, toalhas de algodão egípcio, guardanapos de algodão, travesseiros de plumas e roupões ao custo de R$ 8 mil. Assim que o assunto ganhou a mídia, Sartori mandou suspender a compra.
Os gastos contrastam com a penúria do estado. Na semana passada, o governo anunciou o parcelamento do salário de julho de parte dos servidores por falta de dinheiro. Alguns hospitais fecharam as portas por atraso no repasse de verba. Em resposta ao pedido de informações da reportagem, o governo gaúcho informou que está analisando a venda da residência.
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