Uma proposta que poderia restringir o poder do Senado e ampliar as prerrogativas do Supremo Tribunal Federal (STF) provocou discussão entre os ministros na sessão desta quinta-feira (16). Principal defensor da proposta, o ministro Gilmar Mendes estava isolado em plenário e ouviu do ministro Marco Aurélio Mello que, nesse momento, "não convém declarar guerra total" contra o Legislativo.
Em meio à tensão entre Congresso e STF em função de decisões recentes da Corte, voltou a julgamento no tribunal um tema complexo e que já no passado provocou outros embates. O tribunal discute se cabe ou não ao Senado anular uma lei que tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo em algum caso em que a lei não tenha sido diretamente atacada.
No caso específico, presos condenados por crimes hediondos pediam para ter direito à progressão de regime, passando de fechado para o semiaberto. A lei da época vedava o benefício. Em outro caso semelhante, julgado antes, o Supremo declarou inconstitucional a lei que vedava a progressão de regime. No entanto, o efeito da decisão só valia para aquele preso que entrou com o pedido. Por isso este novo processo chegou ao STF.
O que o Supremo discute desde 2007 é se um decisão como essa, em favor de uma só pessoa, valeria para todo o país imediatamente ou se caberia ao Senado, como determina a constituição, dar esse efeito geral. Na sessão desta quinta-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, defendeu que esse poder é político e do Senado. No entendimento do ministro, transferir esse poder para o STF seria "aviltar" as competências do Senado e transformá-lo em "órgão de divulgação" das decisões do Supremo.
O ministro Teori Zavascki em seguida pediu vista, mas o debate prosseguiu. Mendes defendeu o contrário e ficou isolado. "Trata-se de uma proposta de supressão de competência legislativa. Isso é um excesso", criticou o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa. Mas foi quando Mello perguntou se Mendes queria declarar inconstitucional o inciso da Constituição que dá ao Senado esse poder que houve um princípio de discussão. "Vossa excelência já deveria ter lido o meu voto (proferido em 2007)", protestou Mendes. "Não fique nervoso", respondeu Mello. "Um pouco de respeito é bem-vindo", replicou Mendes. O Supremo já editou súmula vinculante garantindo a condenados por crimes hediondos o direito à progressão de regime. No entanto, desde 2007 discute essa competência do Senado.
PF prende Braga Netto por ordem do STF
Braga Netto repassou dinheiro em sacola de vinho para operação que mataria Moraes, diz PF
Parlamentares de direita e integrantes do governo repercutem prisão de Braga Netto
“Plano B” de Eduardo expõe ruídos da direita em manter Bolsonaro como único candidato para 2026
Deixe sua opinião