O petista estava com saudade de Luiza Erundina. Tão logo a notícia de que a ex-prefeita de 77 anos seria vice na chapa de Fernando Haddad, filiados e simpatizantes do PT começaram a trocar e-mails, espalhar a notícia pelas redes sociais e se perguntar se teriam mesmo Erundina de volta em uma chapa majoritária. A sequência do enredo a aliança com o PP de Paulo Maluf por tempo na propaganda eleitoral diminuiu, mas não apagou o espírito de nostalgia que ex-colaboradores da primeira gestão petista em São Paulo querem transformar em fôlego nesta campanha, 24 anos depois.
"Eu estou exultante", disse à reportagem a filósofa Marilena Chauí, ex-secretária de Cultura na gestão Erundina, a quem define como "personificação da coerência". "Além de apelo popular, ela é uma ponta de lança para a compreensão do que é a candidatura Haddad na classe média."
Essa avaliação não difere da estratégia dos dirigentes petistas, parte deles protagonista dos conflitos que fizeram Erundina trocar o PT pelo PSB, em 1997. A ex-prefeita não tem os mesmos votos de quando superou Maluf (então no PDS), João Leiva (PMDB) e José Serra (do recém-criado PSDB), mas preservou o respeito da militância e até de quem não vota no PT ou deixou de apoiar a sigla após virar vitrine e vidraça em Brasília.
O desafio é transformar admiração em voto e convencer quem guarda a memória de um governo conturbado e que não conseguiu eleger sucessor. "Ela pode atrair pessoas que deixaram ou se afastaram do PT em função dos problemas éticos que afetaram o partido", disse o ex-titular de Finanças, o economista Amir Khair .
A questão é o quanto a aliança com Maluf já acostumado a votar com o PT, mas adversário da ex-prefeita pode fazer o efeito Erundina não ir além de nostalgia. Como Haddad, o educador Mario Sergio Cortella lembra que o PP já é um aliado em Brasília. "Eu ficaria boquiaberto se Maluf fosse o vice. Como o PP já compõe o governo, a aliança não deveria causar estranhamento", ponderou o ex-secretário de Educação.