São Paulo (Folhapress) O depoimento do ex-gerente do restaurante Fiorella Izeílton Carvalho na Comissão de Sindicância da Câmara, marcado para ontem, foi suspenso. A comissão decidiu fazer uma reunião fechada para definir os próximos passos da investigação e os novos depoimentos. Carvalho falaria sobre as denúncias de pagamento de propina ao presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado de ter recebido um mensalinho de R$ 10 mil do empresário Sebastião Augusto Buani, que administra o restaurante, no 10.º andar do anexo 4 da Câmara, em troca de conceder privilégios para o empresário na exploração do estabelecimento alimentício.
Em depoimento feito na quinta-feira à PF, Carvalho confirmou os pagamentos de propina ao presidente da Câmara e sugeriu que para comprová-los bastaria a quebra do sigilo bancário de Severino e de Buani.
Buani também confirmou na quinta-feira, em entrevista coletiva, o pagamento de propina ao presidente da Câmara, na época em que ele era primeiro-secretário da Casa. Ele disse que, em troca da exploração de restaurantes, entregou ao deputado entre R$ 110 mil e R$ 120 mil até 2003.
Ainda de acordo com o empresário, o deputado teria dito que ele ganhava muito dinheiro com o restaurante. "Se eu não tivesse meus seis filhos para criar, eu teria amassado aquela prorrogação de contrato", disse. Hoje, o empresário tem nove filhos.
Buani contou que Severino foi o único parlamentar a receber o pagamento entregue pelo próprio empresário ou por seus funcionários.
Embora tenha assumido o pagamento da propina, Buani tentou se desvincular da imagem de corruptor e disse ter sido vítima de uma fraqueza. "Não sou nem de longe um corruptor, mas ninguém é perfeito. Todo mundo tem seu momento de fraqueza, seus compromissos", disse.
Buani contou que após ter uma conversa com a filha, em agosto ou setembro de 2003, decidiu cancelar os pagamentos.
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