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Reunidos para discutir "a agenda dos próximos vinte anos" e a "renovação" do partido, políticos e teóricos do PSDB fizeram nesta segunda-feira (07) um coro de duríssimas críticas aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Grande homenageado do encontro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rejeitou a tese de que Lula deu continuidade às políticas de seu governo. "O governo do presidente Lula deformou o que foi feito antes. O programa que eles tinham era uma corrida para o abismo. Pegaram o nosso e executaram mal", discursou Fernando Henrique, aplaudido de pé.

O ex-presidente foi encarregado de encerrar o seminário, que teve clima de reencontro, com as presenças de antigos colaboradores do governo FHC, como o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga e Gustavo Franco e os "pais" do Plano Real Edmar Bacha e Pérsio Arida. Os políticos, por sua vez, se esforçaram para minimizar as brigas internas e insistir que "divergir não é negativo", como disse o presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE).

O ex-governador José Serra e o senador e ex-governador Aécio Neves (MG) chamaram atenção para as denúncias de corrupção que envolvem integrantes do primeiro escalão do governo Dilma e atacaram o loteamento dos cargos federais entre os partidos aliados. Serra disse que os adversários são "viciados na mesquinharia política". "Este é um governo de factoides e salamaleques", atacou Serra. Aécio recorreu a uma expressão usada pela presidente: "O malfeito para este governo só é malfeito quando vira escândalo. Até lá, é bem feito. O governo age reativamente", criticou.

Depois das últimas campanhas presidenciais, em que o PSDB evitou destacar as marcas do governo Fernando Henrique, como privatizações e reformas, o convite a alguns dos mais destacados auxiliares do ex-presidente soou como uma tentativa de reorganizar o discurso tucano. "O papel do PSDB foi estruturar tudo o que se desenvolveu depois, menos os desvio de conduta", disse Sérgio Guerra. Fernando Henrique respondeu às críticas de que os tucanos cobram medidas que poderiam ter adotado quando estiveram no poder, como mudanças mais profundas no sistema previdenciário e queda dos juros. "Não se fez antes porque as condições eram outras. Hoje temos como baixar os juros sem gerar inflação", disse o ex-presidente.

Responsável pelas maiores críticas ao comando do PSDB nas últimas semanas, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) não foi ao encontro, que levou ao Rio os governadores Geraldo Alckmin e Antonio Anastasia e muitos parlamentares. Ao contrário de Aécio, que acompanhou de perto a organização do seminário, a cargo da economista Elena Landau, Serra chegou de surpresa, quando poucos tucanos acreditavam na presença do ex-governador paulista, que estava em Londres e chegou ao Rio na madrugada de domingo.

Para não criar ainda mais atritos entre os aliados de Aécio e de Serra, possíveis candidatos à Presidência da República em 2014, foram abertos espaços para que os dois discursassem, o que não estava previsto no programa do seminário. Foi Aécio quem chamou o "companheiro José Serra" ao palco. Fernando Henrique fez questão de prestigiar o ex-governador de São Paulo. "O Serra fez o meu discurso. Eu é que deveria ter ido para Londres", brincou.

Na tentativa de fazer do encontro um ponto de partida para uma fase com mais debate e menos intriga, Fernando Henrique estimulou os companheiros a deixarem claras as posições do partido. "O PSDB ou fala ou morre", disse o ex-presidente. "Começamos a falar com uma nova voz, a voz dos que querem vencer o Brasil precisa da nossa vitória. Não somos partido do clientelismo, da corrupção", disse. O ex-presidente propôs um lema para o PSDB, "o partido do carinho e da equidade", e sugeriu a adaptação ao slogan da campanha do presidente americano Barack Obama. No lugar do "Yes, we can", Fernando Henrique lançou o "Yes, we care" ("sim, nós cuidamos").

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