Até então considerado um aliado importante para o Planalto, o deputado federal pelo Paraná Ricardo Barros (PP) decidiu seguir o campo majoritário do seu partido e votar a favor do impeachment contra a presidente da República Dilma Rousseff.
Barros está no seu quinto mandato e tem bom trânsito na Câmara dos Deputados, onde ocupa uma cadeira de vice-líder do governo Dilma. Recentemente, em meio às negociações para manter o PP na base aliada, teria sido cotado pelo Planalto para assumir o comando de um ministério – Saúde ou Integração Nacional.
Em entrevista à Gazeta do Povo, ele nega, contudo, que haja constrangimento no voto contra a presidente Dilma, e reitera o vínculo com o partido.
“Não vejo dificuldade [em votar pelo impeachment]. O governo teve todas as chances e o partido decidiu por ampla maioria. Sou tesoureiro do diretório nacional do PP, eu sigo a decisão do partido”, resumiu Barros, que participou apenas do final da reunião que confirmou o desembarque da base aliada.
O paranaense cumpria agenda em Paranaguá, junto com o ministro de Portos, Helder Barbalho, e por isso não chegou a tempo da reunião. “Quando eu cheguei já havia maioria formada”, comentou ele.
Questionado sobre o objeto do impeachment, se ele acredita que a presidente Dilma teria cometido crime de responsabilidade em função das pedaladas fiscais e os decretos, Barros fez uma comparação com o “jogo do bicho”.
“É como se fosse uma contravenção tolerada pela sociedade. Vários governos e vários governadores praticaram as pedaladas fiscais. E o Tribunal de Contas da União permitia. Só mudou seu entendimento agora”, respondeu o pepista, na linha do que vem argumentando a defesa da presidente Dilma. “Mas é um julgamento político”, completou ele.
Foco no Paraná
Mesmo após a decisão oficial, a reportagem apurou que ao menos sete parlamentares da sigla devem manter vota contra o impeachment. “Agora é tentar buscar a maior unidade possível”, disse Barros, que não estará em Brasília após o resultado do impeachment.
Após a votação, ele assume uma secretaria no governo do tucano Beto Richa, no Paraná, onde comanda um projeto político ao lado da mulher – a atual vice-governadora, Cida Borghetti, que disputará o governo estadual em 2018 –, do irmão Silvio Barros e da filha Maria Victoria.
O irmão disputará a Prefeitura de Maringá em outubro próximo e sua filha, que é deputada estadual, deverá ser lançada candidata à Prefeitura de Curitiba também neste ano.
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