O deputado federal e ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), pai da candidata à prefeitura de Curitiba Maria Victoria (PP), vem percorrendo o interior do Paraná em campanha eleitoral, o que é vetado pela Comissão de Ética Pública da Presidência. Ele nega o termo e afirma que cumpriu agenda como parlamentar, custeado pelo próprio bolso, para ouvir as demandas da região.
No entanto, ele cumpriu agenda oficial da Pasta no estado justamente nos últimos dias antes das eleições, e apareceu ao lado de candidatos de várias cidades, prometendo apoios e recursos para a área da saúde. Nesses dias, a agenda oficial previa a visita a um hospital de Apucarana, na última sexta-feira (23), e participação de campanha de vacinação em Maringá, no sábado (24).
De acordo com a resolução de Ética Pública da Presidência, um ministro de Estado não pode fazer promessa cujo cumprimento depende do cargo ou recorrer a evento oficial para viajar com intuito eleitoral. “O dispositivo recomenda que a autoridade não se valha de viagem de trabalho para participar de eventos político-eleitorais”, diz um dos artigos.
“É fundamental que a autoridade não faça promessa, de forma explícita ou implícita, cujo cumprimento dependa do uso do cargo público, como realização de obras, liberação de recursos e nomeação para cargo ou emprego. Essa restrição decorre da necessidade de se manter a dignidade da função pública e de se demonstrar respeito à sociedade e ao eleitor”, explica outro trecho do texto-base de Ética Pública das autoridades.
No entanto, vídeos e fotografias que circulam na internet – inclusive de candidatos – mostram a presença de Barros (PP) em eventos eleitorais em diferentes cidades e com promessas relacionadas ao ministério.
Em Colorado, de acordo com a Folha de S. Paulo, o ministro afirmou que o presidente Michel Temer (PMDB) impediu as altas autoridades do governo federal a fazer campanha durante o processo do impeachment de Dilma Rousseff (PT), mas já teria liberado a equipe para a livre expressão. “Mas agora [Temer] liberou a gente e eu vim correndo para falar com vocês”, disse na ocasião.
Na cidade, o apoio do ministro é para o candidato Zanardi (PSB). No Facebook, o próprio postulante a prefeito publicou um texto sobre essa união. “Ao explanar sobre os projetos gerais para a saúde no Brasil, o também deputado federal pelo PP, Barros afirmou que ‘o ministério cria políticas mas quem faz a saúde no município é o prefeito’, e assumiu compromisso de apoio ao Zanardi e Miosso, ‘tudo que o Zanardi prometeu em Colorado, no seu plano de governo na área da saúde, enquanto deputado federal e enquanto ministro da saúde eu vou ajudá-lo a conseguir para Colorado’”, diz o texto.
Os compromissos do ministro aconteceram ainda em Apucarana, Floraí, Mandaguaçu, Sarandi, Marialva, Mandaguari e Sabáudia. As cidades ficam na região de Maringá, berço eleitoral de Barros onde seu irmão, Silvio (PP), concorre à prefeitura. Ele também fez visitas a Colombo, Cianorte, São José dos Pinhais e Foz do Iguaçu. Ao todo, foram 30 municípios.
Em Marialva, o ministro apareceu ao lado do candidato do PP à prefeitura, Victor Martini, e prometeu apoio às iniciativas dele na área da saúde. “Estamos juntos, de mãos dadas, para que a qualidade de vida das pessoas de Marialva seja cada vez melhor. O prefeito escolhe as prioridades e nós apoiaremos as prioridades escolhidas.”
De acordo com gravações, o ministro usou o espaço para prometer um hospital em Marialva e mudar a gestão do hospital de Foz do Iguaçu, como aparece em um vídeo de campanha do candidato Chico Brasileiro (PSD). “Pode contar com a nossa articulação e nosso apoio”, afirma Barros.
Em Peabiru, o ministro disse que poderá “levar mais recursos” para a cidade. Em vídeo do candidato Wilson Carvalho (PP) no Facebook, o ministro também aparece em campanha.
Outro lado
O ministro Ricardo Barros negou qualquer irregularidade. “Eu sou deputado federal, tenho as minhas bases, tenho que visitar os municípios. Em nenhum momento eu prometi alguma coisa. Em todo o lugar, a prioridade é do que o gestor quer. Faço isso há 20 aos. Tinha um compromisso oficial na sexta-feira, fui lá e cumpri. A mesma coisa com o evento do sábado”.
Segundo Barros, ele não infringiu as normas da Comissão de Ética Pública da Presidência porque atuou como deputado. “Viajei por minha conta. Nenhum assessor do ministério me acompanhou. Usei o meu carro para ir até as cidades”.
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