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Ricardo Barros não é mais prefeito de Maringá desde 1992. Pelo menos na teoria. Na prática, segundo mostram as gravações do Ministério Público reveladas por esta Gazeta, continua dando ordens a secretários municipais. Como só quem dá ordens a secretários é o prefeito, Ricardo Barros no mínimo está se metendo onde não devia. Mais estranho: não nega que tenha influência sobre a administração do irmão Silvio, pelo menos em alguns aspectos. E nem Silvio nega que o irmão participe da prefeitura.

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Na verdade, Ricardo Barros não admitiu apenas isso. Esteve ontem à beira de ganhar o "Troféu Supersincero 2012" ao falar, em entrevista coletiva, sobre os motivos que o levaram a tentar interferir nos caminhos de uma licitação de Maringá. A disputa era entre agências de publicidade e, conforme mostrou o repórter Carlos Ohara, Barros mandou o secretário de saneamento da cidade promover um "acordo" entre as concorrentes.

Para quê? A resposta veio na coletiva. Como se fosse a coisa mais normal do mundo, Barros disse que teve ingerência, sim. Para não parecer que é coisa inventada (e fica até parecendo mesmo), veja a transcrição literal do que Barros disse aos repórteres na manhã de ontem:

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"Eu sou o coordenador político do nosso grupo e desde que iniciou-se o processo eleitoral em setembro do ano passado, quando o prazo de filiações foi encerrado, eu passei a monitorar as ações que interessam ao processo eleitoral. E a publicidade da administração interessa ao processo eleitoral. Não interfiro na administração, mas acompanho os assuntos que são de interesse do processo eleitoral na cidade."

Viu só? Ele disse isso mesmo. A publicidade oficial, no ensinamento do secretário (ou seria prefeito?) nem mais é parte da administração pública. É mera ferramenta de construção de imagem. É campanha eleitoral com financiamento público.

O suado imposto do contribuinte não deveria estar a serviço de nenhuma candidatura, de nenhum partido, de nenhum grupo. Barros parece ter deixado os pudores de lado. Talvez tenha achado que politicamente o melhor era dizer que sua preocupação era o futuro eleitoral dele e de seu grupo. E que isso seria uma desculpa aceitável para sua atuação como eminência parda em Maringá. Mas na verdade acabou se afundando mais. Como já se disse por aí, quando o sujeito está na areia movediça, às vezes o melhor é ficar paradinho: qualquer movimento só leva mais para baixo.

Em certo sentido, se é que foi uma estratégia, o plano de Barros funcionou. Depois da coletiva de ontem, o problema de ele atuar como prefeito de fato de Maringá ficou menos importante. Muito mais importante passou a ser o fato de como ele comanda o uso de dinheiro público para promoção pessoal.

E diz muito sobre o nosso meio político o fato de ninguém ter se importado com a declaração do secretário, que em outros ambientes seria bombástica. Nem o governador nem ninguém parece ter se incomodado. Pelo jeito a coisa funciona assim e todo mundo já se conformou. Vá entender...

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