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Richa (ao fundo) em reunião com representantes do MST: negociação para pôr fim a clima tenso no Oeste do Paraná | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Richa (ao fundo) em reunião com representantes do MST: negociação para pôr fim a clima tenso no Oeste do Paraná| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Algo mudou na agenda de audiências no Palácio Iguaçu. De uns tempos para cá, o governador Beto Richa (PSDB) passou a receber críticos à sua gestão. Na semana passada, se reuniu com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), que reivindicavam uma política mais conciliatória para tratar o conflito agrário no Oeste do estado – onde dois sem-terra foram mortos em abril. Na segunda-feira (30), o governador atendeu um grupo de estudantes que ocupou a escolas estaduais, em Maringá, cobrando melhorias na merenda. Nos dois casos, as demandas não foram prontamente resolvidas, mas ambos os grupos saíram das reuniões diminuindo o tom das críticas e concordando em ceder.

Não é comum ver, sentados entorno da mesma mesa, Richa e líderes de movimentos sociais. A agenda de audiências é dominada por visitas de comitivas estrangeiras e de outros estados, além das portas do Palácio sempre abertas para entidades do setor produtivo. Ou seja, Richa era receptivo, mesmo que a pauta fosse de reivindicações, mas preferencialmente para aliados. Entre os motes das campanhas eleitorais, usava o discurso de que seria um governador do diálogo – até como forma de alfinetar o antecessor, Roberto Requião (PMDB), dado a poucas conversas amigáveis.

Transformações

Valdir Rossoni evita associar a mudança no perfil da agenda com a posse dele como secretário-chefe da Casa Civil, a partir de março. Mas afirma que transformações estão sendo sentidas. “O governador, talvez, não tenha mudado. Talvez [o que mudou foi] a forma como as questões do governo estão sendo conduzidas”, diz. Para Rossoni, as reuniões têm permitido que as pessoas conheçam o governo “de dentro para fora”. Ele destaca que tem recebido reivindicações justas, mas que, principalmente nas questões salariais, é impossível atendê-las diante dos limites de gastos com pessoal.

Já o líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB), acredita que não houve uma mudança de postura de Richa. O parlamentar fala que o governador sempre esteve disposto a conversar e que inclusive teve uma reunião com as centrais sindicais, incluindo a CUT, no início do ano passado, antes de o Palácio se fechar como reação à Batalha do Centro Cívico. Mas Romanelli reconhece que a partir da votação do projeto de lei que alterou o Paranaprevidência, e que terminou em um banho de sangue em praça pública, o governo se fechou em copas.

Professores

Nos bastidores, a informação é de que está em curso a preparada a estratégia para criar um clima favorável para uma reunião de Richa com os professores da rede estadual. Desde a greve do ano passado, o governador tem sido recebido em eventos, principalmente pelo interior do estado, por grupos de professores e estudantes que protestam com faixas e palavras de ordem. Às vezes, o número de manifestantes é bem pequeno, mas suficiente para causar desconforto ao governador. Foi o que aconteceu há duas semanas na Câmara Municipal de Ponta Grossa, quando a animosidade no local chegou às raias da retirada à força, por seguranças, dos que protestavam.

Apesar das quatro reuniões já realizadas entre o secretário-chefe da Casa Civil e representantes da APP-Sindicato nos últimos dois meses, ainda não há previsão no horizonte de quando Richa e os professores sentarão à mesma mesa para aparar as diferenças.

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