O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), disse nesta segunda-feira (9) que um eventual impeachment da presidente Dilma Rousseff “é possível” devido à “crise moral” que o país atravessa e que o PT tentou usar as greves contra o governo tucano no Estado para abafar o escândalo na Petrobras.
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Richa afirmou que a mobilização programada para o próximo domingo (15) é “uma coisa espontânea dos brasileiros que querem se manifestar” e que não há envolvimento de partidos com os atos.
Ele foi questionado em entrevista à afiliada do SBT no Estado sobre a hipótese de impeachment. “[A manifestação] Está surgindo no seio da sociedade, é um movimento puramente popular. Se houver clima nas ruas, o entendimento no Congresso... depende de uma série de fatores. É possível, o momento é muito crítico, político, no Brasil. Essa crise moral, essa crise financeira... Vamos ver qual vai ser a condução de todo esse episódio.”
O tucano, no entanto, defendeu que não haja “interferência” de seu partido na mobilização porque pareceria ação “daqueles que foram derrotados” na eleição presidencial de 2014. Diante de uma crise nas contas públicas do Paraná, sindicalistas e opositores também pediram a saída do governador nas últimas semanas, com o lema “Fora Beto Richa”.
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Ele enfrenta desde fevereiro paralisações do funcionalismo contra seus pacotes de cortes de gastos e mudanças na Previdência. Intensos protestos dos sindicatos em Curitiba o levaram a recuar de propostas na Assembleia.
Na entrevista, Richa disse que os sindicalistas procuraram esticar a greve até 15 de março para “confundir a sociedade”, insinuando uma tentativa de desgastar o PSDB nacional. Nesta segunda-feira (9), os professores decidiram suspender a paralisação.
“Houve, sim, a presença articulada de interesses do PT [na greve] para embaralhar o jogo em função do difícil momento que esse partido atravessa, com denúncias, com petrolão, com mensalão, tudo vindo à tona, a lista do procurador [Rodrigo] Janot, a manifestação de impeachment marcada para 15 de março.”
Richa foi elogiado pelo apresentador ao longo do programa do SBT. No Estado, a emissora pertence ao apresentador Ratinho, que é pai do secretário estadual de Richa Ratinho Junior. O PSC, partido do secretário, tem a maior bancada do Legislativo paranaense. Em assembleia dos professores na semana passada, profissionais do canal foram hostilizados por sindicalistas.
FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, nesta segunda, que “não adianta nada tirar a presidente”. FHC já se posicionou contra o impeachment em outras ocasiões.
No mesmo evento, realizado no Instituto Fernando Henrique Cardoso, o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) --ex-candidato a vice na chapa de Aécio Neves-- também disse ser contra o impeachment. O tucano afirmou que prefere ver a petista “sangrar” nos próximos quatro anos, quando encerrará o seu segundo mandato.
“Não quero que ela saia, quero sangrar a Dilma, não quero que o Brasil seja presidido pelo Michel Temer (PMDB)”, disse Nunes Ferreira. Ele é defensor dos protestos agendados para este domingo (15).
O tucano afirmou que, embora seja contra o impeachment de Dilma, enxerga a manifestação de forma positiva por representar um protesto contra o governo federal por uma série de fatores, como os escândalos de corrupção na Petrobras e as medidas de ajuste fiscal anunciadas recentemente que foram negadas pela presidente durante a campanha eleitoral.
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