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Beto Richa (PSDB), governador do Paraná | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Beto Richa (PSDB), governador do Paraná| Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
  • Cheida nega que tenha proposto terceirização

Dois dias depois de o deputado estadual Luiz Eduardo Cheida (PMDB) dizer que pretende delegar a profissionais credenciados pelo governo do Paraná parte dos processos de licenciamento ambiental, o governador Beto Richa (PSDB) desautorizou o peemedebista a fazê-lo. Cheida aceitou convite feito pelo tucano para assumir a Secretaria do Meio Ambiente na última terça-feira. Por enquanto, o governo ainda não fala em voltar atrás no convite. No entanto, comenta-se nos bastidores que o "constrangimento" gerado pelo parlamentar com declarações como essa e o descontentamento de deputados do PSDB com o tratamento dado ao PMDB podem levar Richa a rever a indicação de Cheida.

Em entrevista à Gazeta do Povo um dia depois de aceitar o convite para ser secretário, Cheida disse que uma de suas prioridades à frente da pasta seria rever o método de licenciamentos, hoje feito exclusivamente por funcionários públicos. A ideia do futuro secretário – a posse ainda não tem data para ocorrer – seria adotar um sistema parecido ao usado pela Secretaria de Agricultura, que credencia profissionais para fazer a certificação fitossanitária. "Ao governo cabe controlar esse trabalho e auditar", defendeu. Segundo ele, com os pareceres dos profissionais credenciados, o processo de licenciamento ambiental seria agilizado.

Ontem, porém, Richa descartou qualquer possibilidade de transferir esse trabalho para terceiros. "O IAP [Instituto Ambiental do Paraná] tem feito um grande trabalho, o que é reconhecido por ambientalistas e empresários. Não há nenhuma intenção de mudar essa direção, muito menos de terceirizar funções que competem ao Estado", afirmou o governador durante evento em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro.

Procurado pela reportagem, Cheida disse que não iria comentar o assunto. O parlamentar apenas criticou o fato de estar tendo de se explicar ao governador após a Gazeta do Povo ter publicado que ele pretende "terceirizar" o processo de licenciamento – o que ele nega.

Mais problemas

Nos bastidores, é unânime a opinião de que a paciência de Richa com as entrevistas de Cheida à imprensa está se esgotando. Além disso, na visão do governo, pesaria contra o parlamentar o fato de ele ter votado na Assembleia contra a construção de novas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs); de defender a proibição da incineração de resíduos sólidos; e de ser adepto de políticas consideradas muito restritivas em relação ao uso de agroquímicos.

De certa forma, essa indisposição com os posicionamentos de Cheia e uma eventual retirada do convite para o secretariado seriam até cômodas para Richa. Isso agradaria a bancada de deputados do PSDB, que acusam o governo de priorizar o PMDB, e também o PP, que é o atual "dono" da vaga de secretário do Meio Ambiente, hoje ocupada por Jonel Iurk.

Além disso, como o aumento de espaço do PMDB no governo não está mais condicionado ao apoio do partido à reeleição de Richa, não haveria mais um motivo forte para manter o convite a Cheida.

Pessoas com deficiência

Outra mudança no secretariado que segue indefinida é a nomeação do vereador de Curitiba Zé Maria (PPS) para a Secretaria de Direitos das Pessoas com Deficiência. Isso porque Richa se irritou com a declaração do presidente estadual do PPS, deputado federal Rubens Bueno, de que não foi consultado sobre o assunto e, por isso, não sabia "se as mudanças são por interesse público ou por um interesse meramente eleitoral".

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