O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), devolveu US$ 930 (R$ 3,7 mil) em diárias não utilizadas em sua última viagem internacional. A missão comercial, que passou por China, Rússia e França, incluiu uma escala de um fim de semana em Paris, sem agenda oficial.
A devolução não se refere a esse período específico. A verba inclui com transporte, alimentação e hotéis ao longo de toda a viagem, que durou 13 dias.
Em Paris, o governador diz ter aberto mão do quarto mais luxuoso do hotel, cuja diária custava R$ 1.000 por pessoa. A reportagem perguntou de quanto foi a economia nesse trecho e qual foi seu custo total, mas o governo informou que não haveria como especificar essa informação.
Richa e sua mulher, Fernanda Richa, que é secretária estadual e o acompanhava na comitiva, ficaram hospedados em um hotel cinco estrelas em Paris, próximo à avenida Champs-Élysées. O governo argumentou que a parada na capital francesa foi uma “escala técnica”, devido à ausência de voos à China disponíveis no período.
Os US$ 930 devolvidos correspondem a aproximadamente 10% dos gastos totais de Richa na missão comercial.
O governador disse posteriormente que as críticas à viagem eram “uma grande hipocrisia”. Sustentou que seus gastos foram parcimoniosos, que a agenda foi transparente e que a missão trará investimentos para o Paraná.
HISTÓRICO
Desde que assumiu o cargo, em 2011, o tucano devolveu US$ 3.605 em diárias de quatro viagens internacionais, segundo ofícios do governo solicitados pela reportagem -ou cerca de R$ 9 mil, de acordo com a cotação média do período.
O valor corresponde a aproximadamente 10% dos gastos de todas as missões internacionais de Richa (foram oito até o momento). Entram na conta despesas com alimentação, hotéis e transporte local.
Nas viagens nacionais, mais curtas e que nem sempre exigem passagem aérea, a soma foi maior: R$ 135 mil foram devolvidos por Richa desde 2011, relativos a transporte aéreo, alimentação e hospedagem. A economia é de pouco mais da metade dos valores liberados ao governador, que somam R$ 218 mil.
No mês passado, um grupo de advogados entrou com uma ação popular contra Richa cobrando o ressarcimento dos gastos com a estadia em Paris, caso a escala na capital francesa não seja justificada. Para os autores, pode haver “desvio de finalidade”.
O governo, que ainda não foi notificado, informou que irá prestar “de imediato” todas as informações à Justiça, e defendeu que a agenda da viagem foi “transparente e pública”.