Nota de desagravo
Associação do MP considera "levianas" as acusações do secretário
Karlos Kohlbach e Daniela Neves
A Associação Paranaense do Ministério Público considerou "levianas" e "infelizes" as acusações feitas pelo secretário de Indústria e Comércio Ricardo Barros contra os promotores de Maringá. Em nota, a associação defendeu o trabalho dos promotores afirmando que todas as denúncias que chegam ao conhecimento dos membros do MP "são apuradas com a mesma lisura e legalidade, tratadas todas com isenção, imparcialidade e isonomia". A associação ressalta ainda que nenhum dos dois promotores citados por Barros "possui qualquer elo com algum agente ou partido político" e que desde 1992 todos os prefeitos de Maringá foram alvos de ações de improbidade administrativa propostas pelo MP.
O MP de Maringá ontem também defendeu que não há cunho político nas investigações e que a conversa telefônica sugere a divisão do serviço de comunicação entre duas agências de publicidade, quando Ricardo Barros fala em "solução salomônica". Barros diz que usou essa expressão para que fosse feita justiça na licitação. Porém, o MP entende que a conversa esclarece que a intenção era dividir ao meio o serviço, agradando às duas empresas. Ainda de acordo com os promotores que investigaram o caso, a conversa em si gera suspeição, independentemente do autor da denúncia.
O governador Beto Richa (PSDB) disse ontem que espera ouvir explicações do secretário estadual da Indústria e Comércio, Ricardo Barros, sobre a investigação do Ministério Público do Paraná (MP) a respeito da suspeita de fraude na licitação de publicidade da prefeitura de Maringá. Após essa conversa, disse Richa, ele decidirá se tomará alguma atitude em relação ao seu secretário.
Richa disse ontem que conversou rapidamente com Ricardo Barros por telefone e que não tinha tomado conhecimento com profundidade das suspeitas do MP. "Estou aguardando as explicações do Ricardo Barros para tomar as medidas cabíveis em relação a isso." Richa não adiantou que medidas poderia tomar, mas garantiu que são aquelas que tomaria em relação a qualquer secretário em uma situação semelhante.
Escutas do MP, autorizadas pela Justiça, mostram Barros orientando o então secretário municipal de Saneamento (hoje na pasta da Fazenda), Leopoldo Fiewski, a promover um entendimento entre as duas agências de comunicação que participavam da licitação, no valor de R$ 7,5 milhões. A conversa é de 18 de outubro do ano passado e o contrato de publicidade está em vigênia desde janeiro. Barros, embora não tenha nenhum cargo na administração de Maringá, é irmão do prefeito Silvio Barros. Fiewski negou que tenha proposto às empresas qualquer tipo de acordo.
Dia de explicações
Barros passou o dia dando explicações sobre as suspeitas do MP à imprensa. Pela manhã, concedeu entrevista coletiva em Curitiba. Depois, voou a Maringá, onde também se explicou a jornalistas da cidade.
O secretário ainda reclamou que as conversas telefônicas gravadas tiveram versões diferentes na transcrição o que retira o contexto da conversa. Ele ainda alegou que o diálogo com Fiewski ocorreu após a entrega das propostas das agência e que, por isso, não teria como interferir no resultado do processo.
Como já havia feito anteriormente em entrevista à Gazeta do Povo, Barros explicou que a gravação demonstraria que estava com receio de que o Ministério Público pedisse a anulação da licitação de publicidade caso uma das duas agência desistisse da concorrência.
Ele ainda admitiu que tem acompanhado, desde outubro do ano passado, todos os acordos da prefeitura de Maringá que possam influenciar no processo eleitoral deste ano o grupo político de Barros lançou o vice-prefeito, Roberto Pupin (PP), à prefeitura. "Como coordenador do nosso grupo político, desde o início do processo eleitoral passei a monitorar as ações que interessam ao processo eleitoral e a comunicação interessa muito ao processo eleitoral", disse o secretário.
Ricardo Barros voltou a atacar os promotores de Maringá José Aparecido Cruz e Laércio Januário, acusando-os de perseguição política. "Temos uma história de dificuldades com o Ministério Público de Maringá", disse Barros. Segundo ele, os dois promotores têm promovido a divulgação de investigações contra ele e o irmão em períodos eleitorais, o que já teria ocorrido em 2002, por exemplo.
O secretário ainda disse que entrou com quatro representações na Corregedoria do MP contra a investigação. Entre outros motivos, argumentou que houve vazamento de informações que estão em segredo de Justiça e que o pedido de quebra de sigilo telefônico foi fundamentado em denúncia anônima, o que seria irregular. "Gilberto Giacoia [Procurador-Geral de Justiça, chefe do MP] é uma pessoa de nosso relacionamento, no sentido de que ele é afável, e tenho certeza que ele tomará providências", afirmou Barros.
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