Richa diz que Requião "traiu o Paraná" ao barrar empréstimo

O governador Beto Richa (PSDB) classificou, nesta quarta-feira (19), por meio de seus perfis em redes sociais, como "inaceitável" a ação do senador Roberto Requião (PMDB) de barrar a votação de um empréstimo de 350 milhões de dólares (R$ 731,5 milhões) do Banco Mundial (Bird) ao estado do Paraná. A discussão ocorreu no Senado nesta terça-feira (18), quando Requião relatou que não aceitaria votar a proposta no "escuro", pois disse desconhecer o destino do dinheiro.

Richa escreveu em seu Facebook que a atitude caracteriza uma ação contra o Paraná. "Na mesma noite me que traiu o Paraná, ele votou a favor de empréstimos internacionais para o RS, SC, CE e BA. Isso mostra que é, sim, contra o Paraná", afirmou o governador.

O tucano se referia à aprovação de empréstimos, pelo Senado, a outros estados do país. O questionamento do senador paranaense foi feito apenas depois da apreciação de empréstimos similares para Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ao contestar a votação, Requião indagou o relator da proposta, senador Delcídio Amaral (PT-MS), sobre o destino da verba, que não soube responder a pergunta, apesar de dizer que a proposta já tinha sido analisada e aprovada por órgãos federais.

Ainda no Facebook, Richa escreveu que os 350 milhões de dólares seriam usados nas áreas de educação, segurança e saúde. "Projetos como Renova Escola, Mãe Paranaense, Rede de Urgência e Emergência, para desenvolvimento rural sustentável, gestão ambienta e de riscos de desastres e em ações de qualificação e modernização da gestão pública".

A expectativa é que o projeto volte à pauta do plenário do Senado nesta quarta-feira (19). Caso não seja apreciada, a aprovação do empréstimo ficará para 2013.

Requião: empréstimo vai sobrecarregar o estado

O senador Roberto Requião rebateu Richa por meio de seu site nesta quarta-feira (19). Em depoimento gravado em Brasília e disponibilizado no site, o senador defendeu que o governo estadual não tem plano de investimento para gastar o dinheiro do empréstimo. Ele citou ainda mudanças na distribuição de lucros da Copel e da Sanepar, que, segundo ele, beneficiaram os sócios privados das companhias de energia e saneamento paranaenses.

"Sou capaz de fazer força para aprovar o empréstimo ao Paraná. Mas, antes disso, eu preciso saber por que aumentou a distribuição dos lucros para os sócios privados da Copel e da Sanepar, e quanto o governo está gastando com propaganda. Porque tomar dinheiro lá fora para o povo do Paraná pagar com impostos caros e tarifas caras de água e de luz não tem nenhum cabimento", disse o senador.

Requião citou ainda o aluguel de aviões pelo governo, que, de acordo com o peemedebista, não se justifica. "Agora, R$ 5,3 milhões de aluguel de aviões para o governador passear, em um estado que tem uma frota aérea de primeiríssima qualidade (...) não pode se permitir uma farra com dinheiro público, a dispersão daquilo que será pago por todos nós, será pago pelo povo do Paraná".

Mais tarde, pelo Twitter, Requião postou novas críticas ao governador e pediu se Richa não aceitaria fazer um debate público sobre o assunto. "Betinho? grana para gastar em propaganda e alugar jatinhos? nananão , meu pia de prédio", postou o peemedebista.

O valor total das dívidas que o governo Beto Richa contraiu ou pretende contrair até aqui, dois anos depois do início da gestão, é de R$ 4,2 bilhões.

Na tarde desta quarta-feira, a assessoria de Requião emitiu uma nota, afirmando que o pedido de empréstimo ao Paraná foi retirado a pedido do senador José Sarney (PMDB), que presidia a sessão, até que se esclareça o destino que será dado ao dinheiro reivindicado.

Sobre a afirmação de que teria feito empréstimos semelhantes enquanto governador, Requião disse, na nota, que à época apresentou um plano detalhado, informando onde os recursos seriam investidos.

"O senador Roberto Requião não é contra empréstimos externos para o Paraná. É contra, isso sim, o desperdício de recursos não se sabe onde, sob que justificativas", ressalta o texto.

Lideranças

Outras lideranças políticas estaduais utilizaram seus perfis em redes sociais para alimentar a polêmica. O presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), e o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) escreveram em seus perfis falando sobre o fato de Requião ter barrado a votação nesta terça-feira (18).