Vital do Rêgo vai presidir comissão
Folhapress e Agência Estado
O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) aceitou o convite do PMDB, partido que tem a maior bancada no Senado, para assumir a presidência da CPMI do Cachoeira. Ele aguarda a indicação, pelo PT na Câmara, de um nome para a relatoria da comissão para traçar um plano de trabalho.
A CPMI, criada com o apoio de 65% dos deputados e quase 90% dos senadores, vai investigar os negócios ilícitos do contraventor Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados.
Os líderes partidários têm até a próxima terça-feira para indicar os nomes dos 15 deputados e 15 senadores titulares e igual número de suplentes.
Segundo Rêgo, a instalação oficial da comissão e a escolha do relator serão fundamentais para a definição dos primeiros passos da investigação parlamentar.
"Eu fui indicado pelo partido, mas ainda preciso ser eleito pela comissão. Eu estou recolhendo os nomes, a composição final será na terça-feira. Meu ponto de partida será a escolha do relator. Vou discutir com ele o modelo de formatação [do trabalho]. Aí vamos definir o roteiro", disse.
De acordo com Vital, a ementa de criação da CPI é "muito ampla" por incluir como base de investigação as operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal. As duas operações tratam da máfia de jogos ilegais, como o do bicho e caça-níqueis, da qual Cachoeira é acusado de ser o controlador.
"Primeiro temos que saber o que foi apurado nisso [nas duas operações]. A partir daí vamos estudar tudo o que já foi investigado e ver o que precisa ser aprofundado", disse o senador sem adiantar se as gravações telefônicas feitas pela PF serão solicitadas.
Relatoria
A luta interna das correntes do PT para controlar o mais importante cargo da CPI do Cachoeira emperrou a escolha do relator. Dois grupos de petistas estão se digladiando pelo cargo: o do ex-líder Cândido Vaccarezza (SP) e o dos deputados Odair Cunha (MG) e Paulo Teixeira (SP).
O favorito pela corrida rumo à relatoria da CPI ainda é Odair Cunha. Além do respaldo dos líderes do governo, Arlindo Chinaglia (SP), e do PT, Jilmar Tatto (SP), e da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o petista mineiro também conta com a simpatia da presidente Dilma Rousseff.
Citado em interceptações da Polícia Federal na operação Monte Carlo, o governador Beto Richa (PSDB) reiterou ontem que nunca teve qualquer contato com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, nem com pessoas ligadas ao grupo dele. O nome do tucano aparece em e-mails trocados entre o ex-cunhado de Cachoeira, Adriano Aprigio de Souza, e o argentino Ricardo Coppola, sócio da Larami (empresa que comandou o serviço de loterias on-line do Paraná entre 2002 e 2004). Nas conversas, de outubro de 2010, eles tratavam da reativação de loterias estaduais do Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, e sobre um suposto encontro com Richa.
"Não tenho nenhuma ligação com essas pessoas, eu não conheço essas pessoas, não recebi o Cachoeira nem ninguém ligado a ele", afirmou Richa. Segundo o governador, a maior prova de que não teve envolvimento com o grupo do bicheiro é que ele também nunca discutiu ou enviou uma proposta à Assembleia Legislativa para reativar a loteria estadual. O Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar) funcionou como uma autarquia até 2007, quando foi extinto por uma lei proposta pelo então governador Roberto Requião (PMDB).
De acordo com o texto interceptado (veja fac-símile ao lado), Souza pergunta a Coppola no dia 5 de outubro de 2010 se um suposto encontro com Richa "foi bom". Na resposta, Coppola também escreve palavras em português e espanhol e xinga Requião. "Passado praticamente um ano e meio das interceptações, ninguém me procurou. Imagino que foram tirar informações a meu respeito e não tiveram coragem de me procurar porque ficaram sabendo que eu sou intolerante com ilegalidade, desvio de conduta e que qualquer pedido deles não iria prosperar comigo", afirma Richa.
O governador disse que teve acesso ao conteúdo dos e-mails por meio de sua assessoria e interpretou que Coppola usou o verbo "fale" (no tempo presente) para se referir a um suposto encontro com ele no futuro e não que o encontro teria acontecido no passado. Richa explicou, no entanto, que não viu o primeiro trecho da conversa, no qual Souza faz ao argentino um questionamento no passado. A redação de Coppola, construída no passado, dá margem à interpretação de que o "fale" foi utilizado como "hablé" (falei, em espanhol).
O governador também declarou que assume o "compromisso" de que nada que possa ser investigado pela Comissão Mista Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional sobre o envolvimento de Cachoeira com políticos vai mostrar ligações entre ele e o grupo do contraventor. "Não tem nada, zero", concluiu.
Dilma se nega a falar sobre CPI
Agência Estado
Em meio à instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso, bancada pelo PT, mas contra a sua vontade, a presidente Dilma Rousseff evitou polemizar sobre o seu funcionamento, que irá investigar o envolvimento de políticos e empresários com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
"Vocês acreditam mesmo que eu vou me manifestar, além das minhas múltiplas atividades que eu tenho de lidar todo dia, eu vou me interferir na questão de outro Poder? Eu não me manifesto sobre outro Poder, mas de maneira alguma", declarou a presidente em entrevista no Itamaraty. Dilma defendeu, no entanto, que "todas as coisas têm de ser apuradas".
Na sexta-feira da semana passada, a presidente Dilma se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principal incentivador da instalação da CPI. Segundo uma interpretação, Lula teria objetivo de abafar o julgamento do mensalão, maior escândalo político de seu governo.
A presidente teria pedido cautela a Lula, temendo que a CPI possa respingar em seu governo, já que a principal empreiteira envolvida no escândalo, a Delta, é a construtora com o maior numero de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
"A CPI é algo afeto ao Congresso. O governo federal terá uma posição absolutamente de respeito ao Congresso nessa área", afirmou a presidente.
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