Aperto de mão, mas de olho na caneta
Uma procissão de prefeitos, deputados federais e estaduais e secretários compareceram à posse de Eduardo Sciarra no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Pelo menos 100 prefeitos ficaram em fila para apertar a mão do novo secretário, que terá em mãos uma supersecretaria tanto pelo comando das ações políticas no estado como pela recente engordada do orçamento a partir da incorporação do Detran, cujas taxas remontam a mais de R$ 1 bilhão por ano.
A presença do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, também foi considerada estratégica para a "passagem de chapéu". O presidente da Associação de Municípios do Paraná, Luiz Sorvos, avalia que é "muito importante" os gestores municipais ficarem próximos da Casa Civil e do governo federal. "Se estiver tudo alinhado teremos resultados. Queremos principalmente a construção de casas populares", diz.
A posse de Eduardo Sciarra (PSD) na Casa Civil estadual, nesta sexta-feira (16), sinalizou o hasteamento de uma bandeira branca na relação entre o governo do Paraná e a União, fragilizado depois da troca de farpas da campanha eleitoral do ano passado. O assunto apareceu em todos os discursos.
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), compareceu ao ato para "formalizar a disposição de trabalhar em conjunto" e protagonizou troca de elogios pública com o governador Beto Richa (PSDB). "Conte comigo", disse Kassab ao governador, que respondeu que o ex-prefeito de São Paulo será a "ponte sempre desejada" de entrosamento com o governo federal. Kassab veio prestigiar a posse de Sciarra porque o novo secretário da Casa Civil foi a principal liderança para a criação do PSD no Paraná - legenda idealizada pelo ministro.
Richa disse que Kassab é um "grande articulador" que "conseguiu construir um dos maiores partidos do país". Ele se refere ao PSD, que atualmente divide apoios: é da base da presidente Dilma Rousseff (PT) na esfera federal e apoiou o tucano no âmbito estadual.
A nova empreitada de Kassab é recriar o Partido Liberal (PL), em uma manobra para esvaziar a oposição e diminuir o poder do PMDB no Congresso. Pela estratégia foi chamado de "cafetâo" pelo senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). Em Curitiba, ele se recusou a falar sobre o assunto e disse que está licenciado.
Conhecido pelo bom trânsito em Brasília, Sciarra desistiu de concorrer ao quarto mandato como deputado federal para coordenar a campanha pela reeleição de Richa. O governador atribuiu a Sciarra parte da responsabilidade de superar a crise financeira por que passa o estado e manter bom relacionamento com os agentes públicos. "Ele é um grande conciliador e vamos precisar de diálogo com os poderes e com a Assembleia Legislativa, para encaminhar os muitos projetos que vamos desenvolver este ano", disse Richa.
Logo depois da posse, secretários de estado e o governador se reuniram em uma sala do Palácio Iguaçu para apresentar ao ministro projetos que dependem de recursos da União. As propostas somam cerca de R$ 4 bilhões e focam nas áreas de saneamento, habitação popular e mobilidade urbana.
Segundo o diretor-geral da Casa Civil, Alexandre Teixeira, Kassab elogiou as propostas e sinalizou que novas reuniões técnicas devem ocorrer nas próximas semanas para dar prosseguimento.
Foi colocado na mesa, mais uma vez, o projeto do Corredor Metropolitano uma ligação entre Curitiba e municípios da região que desafogaria o trânsito da capital. A proposta iria integrar o PAC da Copa, mas foi retirada porque o governo federal não autorizou uma revisão nos custos da obra. Também foi destacado, ao ministro, a necessidade de investimentos de R$ 1,3 bilhão na construção de casas populares. As demais propostas não foram detalhadas.
No ano passado, o governador acusou o governo federal de ter "preconceito" com o Paraná principalmente por causa de supostamente ter dificultado a liberação de empréstimos para o estado. De acordo com a União, os recursos só não eram liberados porque o Paraná não cumpria normas da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com gastos de pessoal.
Posse de Sciarra
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