Questionado ontem sobre o pacote de benesses aos três poderes aprovado pela Assembleia Legislativa em meio a uma suposta crise de caixa do estado, o governador eleito Beto Richa (PSDB) disse que "ainda não acompanhou" as últimas decisões do Legislativo estadual. O tucano afirmou não ver incoerência entre o discurso de austeridade e de corte de gastos dele e de sua equipe e a aprovação dessas benesses com votos de deputados aliados ao futuro governo. Em vez disso, declarou que a situação financeira do estado não é "nada otimista" e ainda anunciou a realização de uma auditoria nas contas públicas em 2011.
Alegando que ainda não tomou conhecimento do pacote de aumentos salariais a funcionários do Executivo, do Legislativo e do Judiciário paranaense, Richa disse que respeita a independência da Assembleia, que aprovou as medidas nas últimas sessões do ano. Indagado, porém, se não seria uma incoerência aprovar reajustes de milhões de reais enquanto a proposta de criação da Defensoria Pública no Paraná, por exemplo, não saiu do papel neste ano supostamente por falta de recursos, ele afirmou que o órgão será implantado durante o seu governo. "Todos sabem que isso está no nosso plano de governo. Se [a Defensoria] não for criada agora, vamos criar depois", garantiu.
Na sequência, o tucano afirmou que vai receber um orçamento apertado para administrar e teceu críticas à gestão do governador Orlando Pessuti (PMDB), sem citá-lo diretamente. "Muitas coisas estão acontecendo no apagar das luzes neste governo. Na última semana, querem criar estruturas que serão implantadas na nossa administração", criticou. Indagado sobre a promessa de Pessuti de entregar o governo no próximo dia 31 com o "caixa em ordem", Richa alertou para a dificuldade orçamentária e a reduzida capacidade de investimento do estado. "Cada um apresenta seus números. Nós vamos fazer uma auditoria para apresentar os verdadeiros números do Paraná", prometeu.
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