Gestão
67% dos paranaenses aprovam o governo. Na capital, são 56%
A forte onda de protestos que abalou o país no último mês de junho teve um efeito pequeno na imagem do governador Beto Richa (PSDB), segundo o levantamento do Instituto Paraná Pesquisas. A avaliação de seu governo oscilou apenas 3 pontos porcentuais, dentro da margem de erro da pesquisa, entre dezembro do ano passado e agosto deste ano. No Paraná, 67% dos eleitores aprovam sua gestão. Mas em Curitiba, onde ocorreram os maiores protestos, sua avaliação está pior do que no resto do estado 56% contra 72%. Segundo o cientista político do grupo Uninter Luiz Domingos Costa, o governador tem conseguido descolar sua imagem dos problemas por que passa o Paraná. Segundo a pesquisa, a saúde é o pior problema do estado para 71% dos entrevistado e a segurança, para 40%. "É impressionante a blindagem que o nome dele tem, essa capacidade de ter aprovação e intenção de voto a despeito da avaliação das políticas públicas", afirma Costa.
Já o diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avalia que a imagem de Richa sofreu, sim, um abalo. Seu desempenho fraco em Curitiba, maior foco dos protestos, deve ser entendido como um sinal de alerta, diz Hidalgo.
Se a eleição de 2014 para o governo paranaense fosse realizada hoje, o governador Beto Richa (PSDB) seria o favorito, mas não venceria no primeiro turno (veja os resultados no quadro ao lado). Além disso, a pesquisa revela que a disputa pela outra vaga na disputa de segundo turno seria acirrada. A constatação é de um levantamento de intenção de votos realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas com eleitores de todo o estado entre os dias 10 e 14 deste mês. A sondagem foi encomendada pela Gazeta do Povo.
INFOGRÁFICO: Richa lidera os cenários, mas não veceria no primeiro turno
Ao contrário de 2010, quando apenas Richa e Osmar Dias (PDT) polarizaram a disputa, seis possíveis candidatos mostram um bom potencial de votos para 2014. Além do próprio governador e do pedetista, aparecem com boa pontuação a ministra Gleisi Hoffmann (PT), o secretário Ratinho Jr. (PSC), o senador Roberto Requião (PMDB) e o senador Alvaro Dias (PSDB). O empresário Joel Malucelli (PSD), cotado pelo seu partido para concorrer ao governo, pouco altera os cenários avaliados.
Os nomes da pesquisa foram selecionados com base nas articulações partidárias oficiais e de bastidores. Alvaro, embora seja do mesmo partido que Richa, foi incluído na pesquisa porque chegou a ser convidado por outras legendas para disputar a eleição. Ratinho Jr., secretário estadual do Desenvolvimento Urbano, apesar de estar no governo, vem sendo cotado desde o ano passado, quando seu pai, o apresentador de tevê Ratinho, disse que ele concorreria ao Palácio Iguaçu se perdesse a eleição para prefeito de Curitiba.
Apesar de não conseguir mais da metade das intenções de voto, Richa está na frente em todos os cenários de primeiro turno, com pontuação variando entre 25% e 41% dos entrevistados. Ratinho, Osmar, Gleisi, Requião e Alvaro têm desempenho muito parecido. No único cenário testado com apenas dois candidatos, simulando um segundo turno, Richa aparece com 52% e Gleisi com 34%.
O cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter, diz que Richa ainda é favorito, especialmente pela aprovação de 67% de seu governo (veja ao abaixo). Para ele, a estratégia das viagens do governador ao interior tem surtido efeito e compensado a perda de popularidade na capital (Richa tem mais intenções de votos no interior do que em Curitiba em todos os cenários). A melhor aposta para a oposição, diz Costa, é o lançamento de vários candidatos com potencial para "roubar" votos do governador.
Já o diretor do Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avalia que a perda de prestígio de Richa na capital é um "sinal amarelo". "Curitiba tem um poder muito grande sobre o resultado das eleições. Isso coloca a base do governador em alerta."
Metodologia
A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 14 de agosto, em 72 municípios do Paraná. Foram entrevistados 1.503 eleitores. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos porcentuais para resultados estaduais e de 4,5 pontos para resultados na Região Metropolitana de Curitiba.
Ratinho Jr. venceria Beto Richa em Curitiba e região
Após ser o "outsider" (candidato de fora dos grandes partidos) que chegou ao segundo turno da eleição de 2012 para a prefeitura de Curitiba, Ratinho Jr. (PSC) pode repetir a façanha em 2014 caso se candidate ao governo. Atual secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, ele aparece tão forte nas pesquisas quanto os opositores mais tradicionais do governador Beto Richa (PSDB). E chega a superar o governador nas intenções de voto na região de Curitiba em todos os cenários em que aparece.
Na sexta-feira, em entrevista à Rádio Cultura de Foz do Iguaçu, Ratinho Jr. disse ter interesse em ser candidato a vice na chapa de reeleição de Richa. Nos próximos dias, peemedebistas do Paraná pretendem inclusive convidá-lo a se filiar ao PMDB para que seja o candidato a vice. Com Ratinho na chapa e filiado ao PMDB, Richa se fortalece e tira dois possíveis adversários da disputa de 2014: o próprio secretário e o senador Roberto Requião (PMDB).
O cientista político do grupo Uninter Luiz Domingos Costa avalia, porém, que Ratinho é uma incógnita na eleição. Apesar de hoje estar no governo Richa, já foi aliado do PT e tem um projeto político próprio, descolado de qualquer outro grupo político do estado. Portanto, não seria impensável um cenário no qual ele saia candidato o que pode ser positivo para a oposição ao governador.
Costa avalia ainda que uma possível candidatura a vice de Ratinho pode ser prejudicial a ele em duas situações: no caso de derrota eleitoral e de um governo que chegue ao fim do mandato mal-avaliado. Para ele, caso Ratinho decida ficar no grupo de Richa, a aposta mais segura seria uma candidatura a deputado estadual ou federal especula-se que ele pode voltar à Assembleia.
Recall
O diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo, avalia que Ratinho tem um bom potencial eleitoral. Para ele, os números mostram que o secretário tem uma avaliação boa em Curitiba e teve um bom "recall" (lembrança) dos seus eleitores na região da capital ou seja, já tem votos mais fidelizados. O que pode minar sua competitividade é a rejeição, que está em 20% do eleitorado paranaense menor apenas que a do senador Roberto Requião (PMDB), que é de 34%. Hidalgo avalia, entretanto, que uma rejeição nesse patamar não chega a ser um impeditivo a uma eventual candidatura.