O governador licenciado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, desembarcou ontem em Londrina em busca dos votos dos cerca de 250 delegados do Norte do estado à convenção do PMDB, marcada para domingo. Rigotto, que disputa com o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho a condição de candidato do PMDB à Presidência da República, fez críticas aos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – do qual foi líder na Câmara dos Deputados – e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tentando reforçar a imagem de "terceira via" que ele procura ostentar. "O PMDB vai mostrar um projeto de crescimento para esse país, crescimento que não tem acontecido ao longo dos últimos 12 anos", disparou o peemedebista, que citou a média de crescimento nos governos de petistas e tucanos: 2,4% ao ano.

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O governador Roberto Requião (PMDB), que no domingo declarou apoio ao colega, não acompanhou Rigotto, mas mandou emissários de peso: o vice-governador Orlando Pessuti e o secretário de Educação, Maurício Requião. A deputada estadual Elza Correia, que na segunda-feira declarou apoio a Garotinho, também participou do encontro que reuniu prefeitos, vereadores, ocupantes de cargos comissionados e militantes do PMDB de Londrina e região.

Junto com o governador do Rio Grande do Sul estava o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS), que foi ministro dos Transportes do governo FHC – e membro do grupo do PMDB que em 2002 garantiu que o partido não lançasse candidato próprio e emplacou a ex-deputada Rita Camata (PMDB-ES) como vice na chapa de José Serra (PSDB-SP).

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Na entrevista que concedeu à imprensa, Rigotto procurou frisar sua ligação com o PMDB, ao qual se filiou na década de 1970 – ainda no tempo do MDB, na época do bipartidarismo da ditadura militar. Na entrelinha aparece um contraponto com o seu adversário na disputa interna, já que Garotinho é filiado ao partido há três anos e já esteve no PT, PDT e PSB. "Não sou eu, o PMDB é que é a terceira via, que terá uma proposta alternativa ao PT e ao PSDB", declarou o governador gaúcho.

Ao se colocar como terceira via, o pré-candidato deu pistas da sua estratégia eleitoral, caso seja escolhido pelo PMDB: "Os dois (PT e PSDB) estão se acusando de desvio éticos, de problemas de moralidade. Tanto PT quanto PSDB não terão condições de apresentar uma proposta alternativa como eu vou apresentar", declarou Rigotto. A estratégia é a mesma que levou-o ao governo do Rio Grande do Sul em 2002: enquanto Antônio Brito (PPS) e Tarso Genro (PT) polarizaram o debate e compararam os governos dos seus partidos, Rigotto correu por fora e venceu a disputa.

Apesar de acusar petistas e tucanos de promover um crescimento econômico "pífio", sob Rigotto, o PIB Rio Grande do Sul teve resultado negativo: -4,8% no ano passado, enquanto o país cresceu 2,3% – foi o pior resultado em uma década.

O peemedebista culpou a estiagem e a política econômica do governo federal pelo mau resultado. "Meu estado teve no ano passado uma perda de 74% da safra de soja, 72% da safra de milho, foi a maior estiagem da história do Rio Grande do Sul", acrescentou.