Constante mudança
Veja quem passou pela prefeitura de Rio Branco do Sul nos últimos 13 anos:
João Dirceu Nazzari: Eleito em 1996, foi prefeito de 1997 a 2000. Último a cumprir o mandato eletivo integralmente.
Bento Chimelli: Eleito em 2000, foi prefeito de 2001 a 2002. Deixou o cargo depois da acusação de irregularidades administrativas.
Joana Faria Elias: Substituiu Bento Chimelli. Ficou de 2002 a 2004 no cargo.
Pedro Portes de Barros (Pedro Cristiano): Eleito em 2004, foi prefeito no ano de 2005. Foi acusado de compra de voto.
Amauri Cezar Johnsson: Substituiu Pedro Cristiano. Foi prefeito de 2005 a 2007, ano em que foi acusado de fraude em licitação.
Emerson Santo Stresser: Substituiu Amauri Johnsson em 2007, mas só ficou no cargo por poucos meses.
Amauri Johnsson: Retomou o cargo no fim de 2007.
Adel Rutz: Eleito em 2008, foi assassinado em março de 2010.
Emerson Santo Stresser: Substituiu Adel Rutz.
Cezar Gibran Johnsson: Eleito em 2012, governa a cidade por causa de uma decisão liminar. A Justiça cassou, em primeira instância, o mandato de Cezar Gibran. Ele não teria dado ampla divulgação à mudança na chapa original pela qual foi eleito. Nela, o candidato a prefeito era Amauri Johnsson, que teve a candidatura indeferida por causa de contas reprovadas pelo Tribunal de Contas. Amauri foi substituído pelo filho Cezar. A Justiça entendeu que a campanha de Amauri induziu os eleitores a pensar que não havia substituição.
4 municípios do Paraná têm o presidente da Câmara exercendo o cargo de prefeito: Inácio Martins, Fazenda Rio Grande, Bituruna e Jundiaí do Sul.
7 cidades paranaenses têm um prefeito que aguarda decisão da Justiça: Araucária, Colombo, Jandaia do Sul, Três Barras do Paraná, Rolândia, Santo Antonio do Paraíso e Inajá.
A vida política de Rio Branco do Sul, na Região Metropolitana de Curitiba, é um caso à parte. Lá, desde a eleição de 2000, os prefeitos eleitos não conseguem terminar o mandato. São 13 anos de constante alternância no poder. Nesse período, foram oito as vezes em que o chefe do Poder Executivo local teve de deixar o cargo. Os motivos são os mais diversos. Desde suspeita de corrupção até assassinatos.
O atual prefeito, Cézar Gibran Johnson (PSC), eleito em outubro do ano passado, só governa graças a uma decisão judicial, que pode ser revertida nesta semana. No próximo dia 13, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) vai deliberar sobre a cassação da candidatura de Cezar Gibran e do vice, Joel Faria (PSC). Os dois já foram condenados em primeira instância por não ter feito uma ampla divulgação para anunciar a mudança de última hora na chapa pela qual se elegeu Gibran. Na formação original, o candidato a prefeito era Amauri Johnsson, pai de Gibran. Como teve a candidatura indeferida por ter contas reprovadas pelo Tribunal de Contas, Amauri foi substituído pelo filho.
Se a decisão for mantida pela Justiça, nem mesmo o segundo colocado na eleição, Valdemar José Castro (PSDB), poderá assumir o cargo. Isso porque ele também teve a candidatura cassada. Assim, o município convive hoje com a expectativa de uma nova eleição. Esse é só o mais recente imbróglio jurídico que vem marcando a história política de Rio Branco do Sul.
Os eleitores da cidade acreditam que o progresso no município caminha a passos lentos por não haver uma continuidade de projetos e ideias de poder. Alguns cidadãos atribuem aos gestores a culpa por não conseguirem concluir um mandato. Há quem também culpe o Judiciário, que por algumas vezes foi quem determinou o afastamento do prefeito.
O que todos parecem concordar é que a rotatividade de prefeitos prejudica o município. Os moradores reclamam da falta de infraestrutura, de ruas sem calçamento, vias esburacadas, problemas na área da saúde, segurança e educação. Os moradores da cidade com quem a reportagem conversou são unânimes: se houvesse continuidade dos projetos do Executivo e menos rotatividade na cadeira de prefeito, a lista de reclamações poderia ser menor.
RivaisBriga entre grupos políticos é a causa de instabilidade na cidade
A principal causa da constante alternância de poder na prefeitura de Rio Branco do Sul é a briga política acentuada na última década entre grupos rivais. Essa é a razão apontada por duas das autoridades da cidade o juiz Marcelo Teixeira Augusto e o atual prefeito Cezar Gibran Johnsson. Ambos concordam que as mudanças no comando da prefeitura prejudicam os cidadãos.
Juiz titular desde 2008, Teixeira foi quem acompanhou o último processo eleitoral e foi dele a decisão que cassou, em primeira instância, o mandato de Cezar Gibran. "Infelizmente, as decisões proferidas acabam realmente levando a uma situação de impasse no meio político, gera uma instabilidade. Isso é muito ruim para a comunidade", diz o magistrado.
Teixeira também alfineta a classe política, que na opinião dele, sobrepõe os interesses pessoais aos da comunidade. "Quando um determinado governante assume a prefeitura, o adversário não consegue se conformar e tenta de todas as maneiras derrubá-lo", diz, sem citar nomes.
Governando por força de uma decisão liminar, Cezar Gibran reconhece que a mudança constante na prefeitura retarda o crescimento de Rio Branco do Sul. Mas ele diz acreditar que os tempos de sucessão prematura na prefeitura acabaram. "Estou tendo um bom relacionamento com todas as alas políticas da cidade."