Como que para confirmar a tradicional marchinha, o sol bateu com força neste sábado sobre o desfile do Bola Preta. Às 8h já estava quente na Cinelândia, onde as pessoas se reuniam à espera do bloco. Muita gente recorreu a um chapeuzinho de palha Made in China, que saía a cinco reais para quem estivesse sem disposição de pechinchar. As únicas sombras na praça estavam no alto das escadas do Municipal, onde algumas pessoas se refugiaram.
De lá, dava para ver a multidão que já se espalhava pela Araújo Porto Alegre e os carros de som do bloco. Enquanto não começava a festa, muita gente ia entornando cerveja ou garrafinhas de vodca com limão. Lá pelas 9h uns músicos do cordão apareceram, no chão, e fizeram um esquenta em frente ao Municipal. Quem estava lá dividia sua atenção entre a banda e os fotógrafos e equipes de televisão, que não precisavam insistir para conseguir poses e performances inusitadas.
O bloco só foi sair mesmo lá pelas 10h. A essa altura, já havia um mar de gente em volta dos carros de som, do começo da Cinelândia aos fundos do Municipal, se espalhando pelas ruas próximas. O bloco mudou o percurso, que em outros anos incluía a Primeiro de Março e foi direto pela Rio Branco, rumando para a Cinelândia. Antes de começar o desfile, anúncios do patrocinador, uma marca de sandálias obscura que tinha um grande cartaz num dos carros de som.
Bola cor-de-rosa
A artista plástica Maria Nepomuceno levou para o bloco uma imensa bola cor-de-rosa, onde estava escrito "amor". A bola era arremessada de um lado para o outro por quem estava à frente do bloco. "Ai, tô com medo dessa bola", disse uma mulher quando viu o objeto/obra de arte se aproximando. Mas a galera adorou.
Logo no primeiro carro, onde vinham as princesas do Bola Preta levando estandarte do bloco, estava Luma de Oliveira, com blusa rosa, flor no cabelo, e uma calça jeans que foi aprovada pelos foliões. Aos gritos de "molha ela!", alguns resolveram disparar a onipresente espuminha na musa, que para proteger-se virava de costas, o que fazia com que algumas pessoas quisessem jogar ainda mais. Luma não parecia incomodada.
Apesar dos apelos dos organizadores, os camelôs seguiam pelo meio do bloco, abrindo caminho do jeito que fosse possível. Das janelas laterais do Municipal, um grupinho acenava para a multidão. O desfile seguiu em direção à Candelária, ora ao sol, ora na sombra, dependendo da altura dos prédios. Quem quisesse ficar pertinho dos carros enfrentava um ligeiro aperto, mas nada demais. Havia, como sempre, muita gente fantasiada. Super-heróis, bichos, homens vestidos de mulher e as tradicionais roupas com bolas pretas. Eram mihares de pessoas, e era difícil achar entre elas uma que não tivesse um sorriso de contentamento no rosto.
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