O Rio de Janeiro pode criar nos próximos anos a Cidade do Sexo, com apoio oficial da prefeitura da cidade. A informação saiu no jornal O Globo, em reportagem do jornalista Alessandro Soler. A Cidade do Sexo, um centro de estudos, comércio, entretenimento, memória e medicina ligados ao tema, foi concebida por Igor de Vetyemy para ocupar a Avenida Princesa Isabel, em Copacabana, uma zona de prostituição. O prefeito Cesar Maia, no entanto, prefere que o projeto vire realidade, mas na zona portuária.
A construção e a administração caberiam à iniciativa privada. Vetyemy estima em algo como R$ 260 milhões o custo de implantação, com a geração de mil empregos nas obras e 300 na abertura. O poder público facilitaria o processo e participaria dos debates com a sociedade.
Há museus em Amsterdã, Londres, que tratam da sexualidade. Mas esse centro seria o primeiro a integrar estudos, museu, saúde e atendimento social ao sexo em si. No Rio, culto ao corpo, sensualidade e sexualidade não são explorados de forma positiva diz Vetyemy.
Isolamento térmico e acústico
O projeto se baseia nos preceitos da chamada arquitetura líquida, que tem entre os projetos mais famosos o centro de exposições de Weil am Rheim, na Alemanha, da arquiteta iraniana Zaha Hadid, e o escritório de arquitetura FOA, em Barcelona. O conceito se materializa em construções de formas fluidas, sem a rigidez dos prédios tradicionais. No projeto de Vetyemy, a sinuosidade do edifício remete à prática sexual.
O grande e contínuo prédio é dividido em cinco setores: centro de estudos e pesquisa; centro de medicina, centro de entretenimento (onde, entre outras atrações, haveria cabines isoladas nas quais se poderia fazer sexo), centro de comércio com lojas ligadas ao tema da sexualidade e museu.
A tecnologia a ser empregada foi desenvolvida pela Coppe/UFRJ. Trata-se de uma malha modular de compósito (liga química de plásticos reciclados reforçados por fios de aço), que receberia o revestimento de travesseiros de ar moldados em PVC, o que proporcionaria isolamento térmico e acústico.
Um dos pontos mais polêmicos são as cabines ou cápsulas para a prática sexual. Mediante o pagamento com algumas moedas, qualquer um poderia dar à cápsula um uso similar aos dos quartos de motel. As estruturas de espuma seriam adaptadas para a prática de posições do "Kama Sutra", o tratado sexual indiano celebrizado pelos movimentos acrobáticos descritos. Não haveria espaço específico para prostituição, que já ocorre nas ruas.
O prefeito elogia o projeto, que considera "excelente" e "de cunho educativo". Mas acredita que o nome Cidade do Sexo poderia provocar um efeito inverso ao desejado:
Sou certamente favorável a esse projeto, e acredito que seu conteúdo não tem esse objetivo (de promover oba-oba em torno do sexo). O desenho da cobertura e o nome poderiam provocar resistências. Creio que com pequenas adaptações elas seriam vencidas.
Na reunião em que conheceu o projeto, Cesar contou ter ouvido do prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, uma interessante consideração sobre o Rio durante recente encontro de prefeitos na França:
Ele me disse que o Rio é a única cidade do mundo cujo tema é o corpo. Acho que esse projeto, nessa concepção, tem tudo a ver conosco.
Arquiteto levou nota 10 com louvor
Caso fosse construída em Copacabana, como pensado originalmente, a Cidade do Sexo exigiria que o fluxo de veículos da Princesa Isabel fosse transferido para túneis subterrâneos. Isso, na avaliação de Vetyemy, contribuiria para atenuar engarrafamentos constantes no cruzamento da avenida com a Nossa Senhora de Copacabana, abolindo sinais de trânsito.
Apresentado por Vetyemy no curso de graduação em arquitetura da UFRJ, o projeto obteve nota 10 com louvor unânime da banca, encabeçada pela professora Flávia de Faria, também orientadora. A própria universidade o inscreveu no concurso Opera Prima. Promovido por uma indústria de matérias-primas, é um dos mais importantes a premiar jovens arquitetos no país. Vetyemy é finalista e tem garantida pelo menos a menção honrosa. O ganhador será anunciado em agosto.
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