A prestação de contas dos deputados estaduais do Paraná, disponível no Portal da Transparência da Assembleia Legislativa (www.aleppr.com.br), mostrou que, mesmo em meio ao recesso de janeiro, a maioria dos parlamentares manteve o ritmo das despesas com propaganda e alimentação.
Assim como nos meses anteriores, essas duas áreas foram as que consumiram a maior parte dos R$ 15 mil de verba indenizatória que cada deputado tem direito a gastar mensalmente. A diferença, no entanto, é que a sede do Legislativo paranaense não funcionou nem um dia sequer no mês passado.
Em janeiro, a principal despesa se referiu à compra de espaços em veículos de comunicação, prevista nos chamados "Serviços de Divulgação da Atividade Parlamentar". Ao todo, essas despesas somaram R$ 115 mil aos cofres públicos quantia bem próxima ao valor médio de R$ 126,5 mil gastos nos últimos cinco meses do ano passado, conforme os dados publicados no portal.
A maior parte desse dinheiro pagou anúncios em rádios e jornais do interior e garantiu a exposição de imagem nas bases eleitorais de cada deputado. A justificativa dos parlamentares é que essa é a melhor forma de prestar contas à população e divulgar o andamento do mandato.
Mais uma vez, a campeã de gastos em divulgação foi Cida Borghetti (PP), com R$ 12.355,50 ressarcidos o que representa 82,37% de toda a verba indenizatória disponível em janeiro. A quantia foi paga a editoras e agências de publicidade de Curitiba, Londrina e Maringá.
De acordo com a deputada, as despesas se referem à última parcela paga para produção e impressão de minigibis educativos, que contam às crianças a história de como são feitas as leis. "Opto por usar a verba na divulgação parlamentar porque essa é a forma de a população ter acesso e conhecimento do que estamos fazendo na Assembleia", justifica.
Logo atrás, aparece Chico Noroeste (PR), que gastou R$ 6.450 com publicidade R$ 4.950 foram pagos a uma empresa de outdoors e R$ 1.500 a uma rádio, ambas de Foz do Iguaçu, base eleitoral do parlamentar. Ele não foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto. Mas, em setembro do ano passado, ao comentar seus gastos com publicidade, disse que "não compra o jornal, não compra a rádio". "A gente contrata os serviços dos meios de comunicação para que eles possam divulgar nossas atividades."
Banquetes
Apesar de o valor global gasto pelos 54 deputados com alimentação ter caído em relação à média dos meses anteriores de R$ 128,4 mil no ano passado para R$ 79,2 mil em janeiro , os campeões nesse tipo de despesa não reduziram seus gastos. Inclusive, quando são questionados sobre o assunto, a maior parte dos parlamentares admite bancar, com verba do Legislativo estadual, almoços ou jantares para eleitores e aliados, em encontros políticos.
Segundo as informações disponíveis no Portal da Transparência, Antonio Anibelli (PMDB) foi o campeão de despesas com alimentação em janeiro, ao gastar R$ 5.552,72. Em uma única nota, por exemplo, o peemedebista gastou R$ 950 no Restaurante Madalosso, de Curitiba. A reportagem não conseguiu localizar o parlamentar. Mas, em reportagem publicada em setembro do ano passado, Anibelli afirmou não ver problema em pagar refeições para aliados. "Sem comida, você não reúne gente para um encontro partidário", disse, na época.
Na sequência do ranking, figura Luiz Fernandes Litro (PSDB), com gastos de R$ 5.528,66 com alimentação. O tucano justificou as despesas alegando que não teve nenhum dia de recesso, pois permaneceu trabalhando durante todo o mês de janeiro. "É claro que o gabinete (na Assembleia) ficou fechado, mas eu e minha assessoria trabalhamos direto. Por isso os gastos continuaram. Foi nessas andanças que fazemos pelo interior", declarou.
Já Douglas Fabrício (PPS) gastou R$ 4 mil de uma única vez no Isabel Passos Buffet, de Campo Mourão a despesa, entretanto, aparece no item "Serviços de Promoção e Organização de Eventos".
Segundo ele, a empresa foi contratada para organizar uma reunião de prestação de contas do mandato, no final do ano passado. "Faço isso todos os anos. A diferença é que neste ano a despesa tornou-se pública por meio do portal", disse. "Essa reunião é o momento que a comunidade tem para questionar, saber o que estamos fazendo na Assembleia, discutir os projetos apresentados. Afinal, nem todos podem ir até Curitiba."
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