Protesto fecha estrada em Campos
Manifestantes contrários à redistribuição dos royalties do petróleo bloquearam ontem os dois sentidos da rodovia BR-101 em Campos dos Goytacazes, região norte do estado do Rio do Janeiro. Campos é um dos principais municípios produtores de petróleo e será um dos mais prejudicados com a nova divisão dos royalties.
Barricadas com madeira e pneus queimados foram montadas no quilômetro 76, impedindo o tráfego. De acordo com a concessionária Autopista Fluminense, que administra o trecho, o protesto começou às 5h20 e se estendeu até 11h30.
Tanto os veículos que deixavam o interior em direção à capital quanto os que seguiam para o Espírito Santo foram impedidos de passar. De acordo com a concessionária, por volta das 10h, os engarrafamentos causaram filas de veículos de 8 quilômetros em ambos os sentidos.
O bloqueio às regiões produtoras de petróleo foi a maneira que os prefeitos das cidades do interior do Rio encontraram para chamar atenção para sua causa. Nas cidades da região norte, os royalties pagos pela indústria petroleira são a principal fonte de receita.
Mercado
Rodada de concessões de exploração pode ser prejudicada, diz analista
Agência Estado
O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), João Carlos de Luca, afirmou ontem, que a 11ª rodada de concessões da exploração de petróleo, marcada para os dias 14 e 15 de maio, pode ser prejudicada pela discussão sobre os royalties. Segundo ele, a briga pode espantar investimentos. "A indústria está muito preocupada com essa discussão porque pode atingir estabilidade regulatória e segurança jurídica", disse ele. De Luca diz que já existem incertezas no mercado, como a que diz respeito a conteúdo local e a capacidade de a Petrobras investir, já que é operadora única no pré-sal. "Estamos muito preocupados."
Parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, estados que abrigam grandes campos petrolíferos, iniciaram uma ofensiva para anular a sessão do Congresso Nacional que derrubou o veto da presidente Dilma Rousseff à lei dos royalties do petróleo. Eles ingressaram com três ações no Supremo Tribunal Federal (STF) alegando que houve descumprimento do regimento interno do Congresso durante a sessão. Paralelamente, o deputado Zoinho, do PR do Rio, denunciou ontem que alguém votou em seu lugar e cobrou do Legislativo a anulação da sessão. Rio e Espírito Santo são os estados que mais vão perder com a nova partilha dos royalties.
Zoinho afirmou que, diante da iminência da derrota na votação, deixou a Câmara dos Deputados na quarta-feira por volta das 20 horas para pegar um voo de volta ao Rio de Janeiro. Assim, poderia chegar a tempo a um compromisso na manhã de quinta-feira em Volta Redonda (RJ). Ele disse ter avisado a pelo menos três deputados fluminenses Paulo Feijó (PR), Leonardo Picciani (PMDB) e Walney Rocha (PTB) que iria embora antes da sessão, que terminou na madrugada de quinta-feira.
O deputado do PR repassou à imprensa um bilhete de passagem aérea e a lista de votação entregue pela Mesa Diretora do Congresso na qual consta sua assinatura. "Houve uma fraude clara e comprovada", afirmou Zoinho, que cobra do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), a anulação da votação. Ele disse ter pedido uma análise grafotécnica da sua assinatura à direção do Congresso.
Zoinho afirmou que já acionou a liderança do PR para buscar meios para cancelar a votação administrativamente, no Congresso. Mas ele não descartou a possibilidade de recorrer à Justiça, em caso de o próprio Congresso manter a validade da sessão. "Eu e a liderança do PR vamos pedir a anulação da sessão. Eu não assinei nada. Vão ter que esclarecer quem assinou no meu lugar. Vou querer inclusive um exame grafotécnico", afirmou. "Espero que a Mesa Diretora corrija esse erro, senão a Casa vai ficar sob suspeita. Essa votação não pode ter validade. Vamos para o Supremo, se for preciso."
Descumprimento
Parlamentares do Rio e do Espírito Santo também protocolaram no STF três pedidos formais de anulação da sessão que derrubou o veto à lei dos royalties, sob a alegação de que as regras internas do Congresso foram descumpridas. Deputados e senadores dos estados produtores de petróleo acusam o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), de agir com "ilegalidade e abuso de poder" na condução dos trabalhos.
Numa das ações, parlamentares argumentam que a votação da proposta não respeitou prazos regimentais antes de ser iniciada. Eles alegam que Renan "não tem poderes para pautar a matéria sem a devida observância dos ditames constitucionais".
Os congressistas sustentam que, como o veto foi reeditado na terça-feira pelo Planalto, antes da votação, a proposta deveria ter sido lida em uma sessão exclusiva. Eles alegam ainda que era preciso criar uma comissão para analisar os vetos e elaborar um parecer anterior à votação, como determina a Constituição.
O ministro do STF Luiz Fux pediu ontem mesmo ao Congresso e à Advocacia-Geral da União (AGU) que se manifestem sobre pedido de parlamentares para anular sessão que derrubou os vetos à lei dos royalties o que indica que as ações devem ter um julgamento rápido.
Rio ameaça elevar ICMS do petróleo e não dar licença para exploração
Agência Estado
O governo do Rio de Janeiro, principal produtor de petróleo do país e estado que será mais prejudicado pela nova distribuição dos royalties, ameaçou ontem dificultar a exploração das jazidas em seu território e aumentar a tributação estadual sobre o petróleo o que encareceria o produto em todo o Brasil.
O secretário de Desenvolvimento do Rio, Júlio Bueno, disse que há uma série de medidas que podem ser tomadas pelo Rio caso haja a redistribuição dos royalties do petróleo o que levaria a uma queda de receita do estado. Entre elas estão a alteração das alíquotas de ICMS e a não concessão de licenças ambientais para o setor de petróleo.
"A imaginação é infinita, dá para fazer um monte de maldade", disse. "Mas não posso supor que o Supremo vá transgredir a norma jurídica. Acho que sinceramente a Justiça vai imperar no Brasil", afirmou.
O Rio calcula as perdas com a mudança no pagamento dos royalties do petróleo em R$ 75 bilhões até 2020. Neste ano, serão entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. Os municípios seriam os mais prejudicados. No caso de perda de R$ 3 bilhões, seria R$ 1,6 bilhão para os municípios, e R$ 1,4 bilhão para o estado.
Para Bueno, deve haver compensações aos estados produtores pelo governo federal caso o STF mantenha a decisão do Congresso sobre royalties. "Vai ter que ser compensado de alguma forma, com receitas novas."
Justiça do Trabalho desafia STF e manda aplicativos contratarem trabalhadores
Parlamento da Coreia do Sul tem tumulto após votação contra lei marcial decretada pelo presidente
Correios adotam “medidas urgentes” para evitar “insolvência” após prejuízo recorde
Milei divulga ranking que mostra peso argentino como “melhor moeda do mundo” e real como a pior
Deixe sua opinião