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O Paraná tem 179 mil famílias vivendo em favelas, concentradas principalmente na região metropolitana de Curitiba, onde 136 mil moram em condições suburbanas. De acordo com a Coordenação da Região Metropolitana (Comec), em todos os 26 municípios que compõem a região metropolitana de Curitiba (RMC) há 811 áreas ocupadas irregularmente.

Na capital, os bairros com maior problema de ocupação desordenada são o Cajuru, Uberaba, Boqueirão, Cidade Industrial e nas favelas das áreas centrais da cidade. Nos municípios que fazem divisa com Curitiba, o Guarituba é a maior ocupação irregular da RMC.

O bairro de Guarituba era uma zona pecuária até a década de 80, quando começou a receber as primeiras ocupações. Na década de 90, com a instalação das grandes montadoras na região de Curitiba, o bairro recebeu novos moradores que vieram em busca de empregos, ou mesmo que resolveram se mudar da capital, onde o custo de vida era alto.

Guarituba destoa do município pacato, que tem como paisagem o verde da Serra do Mar e que ainda conta com muitos espaços vazios. O bairro funciona como uma cidade à parte, mas com infra-estrutura mínima, tendo como cenário esgoto a céu aberto, 46 mil moradores (46,5% dos habitantes de Piraquara) vivendo em casas amontoadas em área de manancial, terrenos irregulares, e com ligações de luz clandestinas.

No meio de latas, garrafas PET e papéis, Jeniffer Queiroz, de 5 anos, acompanha a mãe Edna de Jesus Queiroz, de 31 anos, e a avó Maria Alice Queiroz separam o material reciclável que, vendido, rende R$ 400 por mês e sustenta a família de nove pessoas. A família mora há 19 anos no bairro Guarituba, vindos da Vila das Torres, em Curitiba. "Lá a gente pagava aluguel, luz e estava ficando pesado. Aqui não pagamos", diz Edna.

Esperança

A casa da família Queiroz, assim como a maior parte das residências, tem pregado na janela um adesivo do programa "Direito de Morar", do governo do Estado. As famílias foram cadastradas no programa de regularização fundiária representa a esperança daquelas pessoas na melhoria das condições de vida. "Aqui precisa muito de segurança e rede de esgoto", pede Edna.

Sirlei Jesus, de 24 anos, disse que prometeram regularizar o bairro no início do próximo ano. Ela também tem o adesivo do governo do estado pregado na janela. Há dez anos no local, não pensa em sair. "Convivemos bem aqui, inclusive com os bandidos que passam, cumprimentam, pegam dinheiro emprestado e pagam depois", diz.

Para que a ocupação desordenada não continue na região metropolitana, o prefeito de Piraquara, Gabriel Samaha, defende um plano de reordenamento de ocupação do solo para toda a região. "Curitiba esgotou sua capacidade de expansão e a região metropolitana agora vive esse fenômeno", diz.

Assim como Piraquara, São José dos Pinhais sofreu ocupação desordenada, na década de 90, com migração de pessoas em busca de emprego e melhores condições de vida. No Jardim Alegria, em São José dos Pinhais, 982 famílias vivem, desde 1992, em terreno que fica em área de manancial, de propriedade da prefeitura. A maior parte das famílias veio do interior do estado e da Vila das Torres, em Curitiba. "As pessoas vieram em busca de uma vida melhor e emprego. Acharam que seria mais fácil encontrar boas condições em São José, que estava em desenvolvimento", diz Jaqueline Soares, moradora do local.

De acordo com o prefeito de São José dos Pinhais, Leopoldo Meyer, o crescimento rápido gerou os problemas de falta de habitação. "Ocuparam loteamento sem infra-estrutura e à prefeitura coube o ônus de, de uma hora para outra, colocar escola, posto de saúde, estrutura viária", diz.

O prefeito de Colombo, José Camargo, diz acreditar que os problemas de habitação começam porque parte das famílias são ‘expulsas’ da capital por falta de condições econômicas. "Carregamos o fardo de estarmos na região metropolitana de Curitiba", diz.

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