A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), não entregou sua carta de renúncia na manhã desta terça-feira, como havia anunciado, e marcou uma extensa agenda de inaugurações e vistorias de obras para ser cumprida até o fim da tarde. Roseana não informou os motivos da mudança de planos e nem a eventual nova data da renúncia, caso ainda ocorra. Inicialmente, a governadora tinha planos de se afastar não só do governo do Maranhão, mas também do estado, tirando férias de três meses na Flórida (EUA).

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O adiamento da renúncia de Roseana gerou especulações e expectativas no meio político maranhense. Até o início da noite de ontem, o presidente da Assembleia Legislativa do estado, Arnaldo Melo (PMDB), estava certo de que realizaria uma sessão histórica, nesta terça, para receber a carta de renúncia da governadora. O documento seria levado ao plenário pelo próprio presidente da Casa, que, após a leitura, assumiria interinamente o mandato de governador até o dia 31 de dezembro. A presidência do Poder Legislativo seria passada, então, para o vice-presidente Max Barros (também do PMDB).

Essa foi a segunda "renúncia à renúncia" de Roseana, que, ao decidir sair do governo antes do último dia do mandato, evita passar a faixa para seu sucessor, Flávio Dino (PC do B), que derrotou seu candidato Lobão Filho (PMDB) nas urnas em outubro, no primeiro turno, com 63,52% dos votos. A primeira data anunciada pela governadora para deixar o cargo foi no dia 5 deste mês.

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Roseana Sarney foi citada pela contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Poza, em depoimentos à Polícia Federal e à CPMI da Petrobras, que revelou um suposto pagamento de propina à governadora por conta do pagamento de precatórios do governo do Maranhão à Constran. Poza afirmou ter se reunido, juntamente com Youssef, com o então secretário da Casa Civil do Maranhão, João Guilherme Abreu. O interesse da Constran era receber R$ 123 milhões em precatórios.

Segundo a contadora, ficou acertado o pagamento de propina de R$ 6 milhões, por conta de um acerto para parcelamento dos precatórios em 24 vezes. Uma das remessas foi levada por Adarico Negromonte, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte. O valor foi de R$ 300 mil. A pessoa que recebeu o dinheiro teria reclamado da quantia e consultado a governadora Roseana para saber se o montante deveria ser recebido.

"Adarico esteve no meu escritório depois da prisão do Alberto. Ele disse que foi ao Maranhão levar o dinheiro e que a pessoa afirmou que era pouco. Ela então teria entrado em contato com a governadora para saber se ela concordaria em receber os R$ 300 mil, e ela teria concordado", disse a contadora.