Usando uma camisa da Chapecoense e sugerindo a criação de museu para o clube, o candidato do PSD à presidência da Câmara, Rogério Rosso, fez nesta segunda-feira (9) um lançamento virtual de sua candidatura no Facebook. Num discurso de quase 40 minutos, defendeu as reformas trabalhista e tributária, mas disse que a da previdência, que é a grande prioridade do governo Michel Temer (PMDB), não será aprovada.
Demagogia criticada
Rogério Rosso recebeu críticas por seu figurino e foi acusado de “demagogia” por um dos internautas que questionou o fato de estar usando um símbolo de comoção nacional em uma ocasião que não guarda relação com a tragédia. O avião que levava o time da Chapecoense para a Colômbia caiu no dia 29 de novembro e matou 71 pessoas.
“Todas as questões têm de ser enfrentadas, mas sem açodamento. A reforma da previdência que o governo enviou não vai ser aprovada, não vai ter mais de 308 votos do jeito como foi enviada para a Casa. Se eu for presidente, a questão da previdência vai ser colocada, mas sem atropelos. A Câmara já tem projetos nesse sentido”, disse.
Rosso também aproveitou a oportunidade para propor a criação de mais um ministério, o da Segurança Pública. Ele afirmou que a área está um “caos” e que as rebeliões que deixaram dezenas de mortos nos últimos dias foram uma “tragédia anunciada”. Rosso disse que a criação do ministério se daria “sem aumento de despesa”, mas não explicou como isso ocorreria.
Sobre as questões internas da Câmara, o deputado propõe que as votações comecem mais cedo e sejam limitadas até as 21h, para evitar as deliberações durante a madrugada, alvo de críticas da sociedade. Ele disse que sua principal bandeira será “aproximar a Câmara da sociedade” e defendeu a interação pelas redes sociais. Disse que, em sua gestão, não ocorrerá a construção do “Parlashopping” que Eduardo Cunha tentava levar adiante e afirmou que um dia de sessão por semana será dedicado a votar matérias de autoria dos parlamentares, para que a Câmara não atue apenas em reação às propostas do Executivo. Defendeu uma cláusula de desempenho com transição e um plebiscito em 2018 para que o novo Congresso trate da reforma política.
Durante sua fala, alguns internautas pediram a saída do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi alvo de críticas por parte de Rosso. Ele afirmou que a Casa hoje funciona apenas de forma “reativa” ao governo e disse que, em sua eventual gestão, voltará a ter protagonismo. Ele reclamou ainda da condução de Maia na elaboração das pautas. “O que tenho visto nos últimos meses são as pautas feitas de última hora, textos e relatórios para votarmos de última hora, e isso não é bom. Precisamos de um planejamento melhor e isso é o presidente que faz.”
Ao final, Rosso fez um “apelo” por um debate entre os principais candidatos e disse se tratar de uma eleição “atípica”, já que, na prática, o presidente da Câmara terá um papel análogo ao do vice-presidente da República. Ele lamentou a judicialização da disputa. “A insistência do Rodrigo Maia gerou ações no Supremo Tribunal Federal e gerou uma insegurança jurídica sem precedentes, com muita instabilidade institucional.”
Tentando turbinar uma imagem de novidade na política, finalizou a transmissão anunciando que lançará um videoclipe de uma música com sugestões de palavras do público sobre como acreditam que a Câmara deve ser. “Sou músico, sou advogado e estou político.”
Dirigentes do PSD, partido liderado por Rosso na Câmara, porém, já admitem, reservadamente, que a tendência do partido é apoiar a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo. Nos últimos dias, deputados que procuraram a cúpula da legenda receberam sinal verde inclusive para negociar com Maia espaços de direção da Câmara.