Contra a privatização
Manifestantes contra a privatização de empresas estatais lotaram as galerias da Assembleia Legislativa ontem. A sessão chegou a ser interrompida por alguns instantes até que o barulho cessasse. O assunto voltou à tona após o governo estadual encaminhar para a Assembleia um projeto de criação de uma agência reguladora de serviços públicos. A proposta foi retirada de pauta para modificações. O líder do governo na Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), garantiu que não há planos de privatização de empresas públicas. O presidente do Legislativo, Valdir Rossoni, foi vaiado pelos manifestantes quando admitiu que votou pela venda da Copel. E logo depois foi aplaudido quando disse que tal voto teria sido "o maior erro que cometeu na vida". A manifestação comemorava ontem os 10 anos da invasão da Assembleia em protesto contra a privatização da empresa de energia. (KB)
Traiano admite que indicou irmão ao porto
O deputado estadual Ademar Traiano (PSDB), líder do governo na Assembleia Legislativa do Paraná, reconheceu ontem que indicou o irmão para ser contratado como funcionário do Porto de Paranaguá e que ele foi escolhido por ter trabalhado na campanha de Beto Richa.
Para se defender da acusação de ter cometido irregularidades na prestação de contas de sua campanha eleitoral em 2010, o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Valdir Rossoni (PSDB), declarou ontem que muitos políticos que não tiveram o mandato contestado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) também teriam adotado a mesma prática pela qual ele é acusado.
Rossoni disse que vários políticos usaram um único cheque para pagar várias despesas ao mesmo tempo o que, segundo o MPE, dificulta a fiscalização de ilegalidades nas contas de campanha. "Então [se eu for cassado] tem que cassar a Dilma [Rousseff], o [José] Serra, o Beto [Richa]", declarou, na tribuna da Assembleia. De acordo com ele, as campanhas da presidente e do tucano para a Presidência da República e de Beto Richa para o governo do Paraná, também utilizaram o recurso do chamado "cheque guarda-chuva", que vale para várias despesas.
Rossoni, que está sendo julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) por uso de cheques guarda-chuva, reclamou que estaria recebendo "tratamento diferenciado" pelo MPE. Segundo o tucano, outros políticos que usaram a mesma estratégia na gestão financeira da campanha não são alvos de investigação. "Não vou aqui citar outros deputados", disse, enfatizando que colegas da Assembleia também teriam usado o recurso contábil.
Rossoni afirma que teve a prestação de contas aprovada pelo TRE e que todas as despesas de campanha têm nota fiscal correspondente. E reiterou que não fez caixa 2.
O TRE-PR adiou para a próxima semana o julgamento do pedido de cassação do mandato de Rossoni. O caso começou a ser analisado na segunda-feira, mas um pedido de vista ao processo interrompeu a votação. Dois dos sete integrantes do tribunal já votaram e o julgamento está empatado em 1 a 1. O Ministério Público Eleitoral acusa o parlamentar de não ter comprovado gastos de R$ 74 mil na campanha de 2010.
O deputado estadual Rasca Rodrigues (PV) reconheceu que também usou o cheque guarda-chuva para o pagamento de despesas agrupadas. Ele citou que teria feito isso na cobrança de pedágio. Segundo Rasca, só é possível pagar pedágio em dinheiro e seria totalmente inviável pagar cada tarifa com um cheque isolado. O deputado afirma que recebeu verbalmente a orientação do próprio TRE-PR para pagar as despesas agrupadas. "Primeiro fixaram que o valor poderia ser de até R$ 1 mil. Depois, diante das dificuldades, disseram que aceitariam cheques de até R$ 5 mil. Mas voltaram atrás e limitaram novamente em R$ 1 mil", contou.
Richa
Sobre o uso de cheque guarda-chuva na campanha eleitoral de Beto Richa, o coordenador financeiro do comitê da campanha de 2010, Fernando Ghignone, atual presidente da Sanepar, se limitou apenas a dizer que "tudo foi feito de acordo com a lei". "As contas [do Beto Richa] foram apresentadas ao TRE antes dos demais candidatos e foram aprovadas sem restrições", declarou.
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