Governador em exercício, deputado estadual Valdir Rossoni, participa da solenidade de inauguração da Agência do Trabalhador de Foz do Iguaçu nessa quarta-feira| Foto: Agência de Notícias do Paraná / Divulgação

Em um ano, defensores quase dobraram a remuneração

Um levantamento feito pela Gazeta do Povo mostrou, em matéria publicada na semana passada, que, em um ano, os defensores públicos do Paraná tiveram um aumento de 87% na remuneração. Isso ocorreu porque, em abril deste ano, uma resolução promoveu todos os membros da terceira para a primeira categoria na carreira.

Depois, em julho, foi feita uma equiparação salarial na qual o adicional por tempo de carreira dos defensores mais antigos foi incorporado ao subsídio e, mesmo os que estavam a menos de um ano no cargo passaram receber o mesmo valor por estarem na mesma categoria da carreira. Desta forma, os subsídios subiram de R$ 10.684,38 e, em setembro deste ano, chegou a R$ 19.997,58.

Além disso, praticamente todos os defensores recebem verbas indenizatórias. Em setembro, 71 eram acima de R$ 7 mil. Só essas indenizações geram um custo mensal de cerca de R$ 590 mil.

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O governador em exercício, Valdir Rossoni (PSDB), propôs nessa quarta-feira (12) à Assembleia Legislativa (Alep) um projeto de lei complementar que altera a Lei Orgânica da Defensoria Pública do Paraná. A proposta altera diversos artigos da lei e afeta a autonomia financeira do órgão, a escolha do defensor-geral e até a nomeação de aprovados em concurso. Também está previsto que o artigo que prevê indenização aos defensores de até um terço por acúmulo de funções seja revogado.

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"Qualquer medida que tenha impacto no orçamento deve ser tomada por lei, em respeito aos princípios constitucionais da moralidade, transparência, probidade e interesse público", declarou Rossoni em nota. Ele justifica que o novo texto está de acordo a Lei Complementar Federal nº 80/94, que dá as normas gerais para a organização das defensorias nos estados.

A defensora pública-geral, Josiane Fruet Bettini Lupion, diz que a proposta de mudança "concentra muito o poder de decisão na mão do governador. "A autonomia financeira que já temos garantida pela Constituição, foi retirada", argumenta.

Outro ponto que a proposta prevê que seja alterado é a escolha do defensor público-geral, que hoje é por voto direto dos defensores e passaria a ser em litas tríplice. Para Josiane, este é "um avanço democrático muito grande" e seria um retrocesso mudar isso. Ela lembra que o governador Beto Richa chegou a receber um prêmio da Associação Nacional dos Defensores Públicos (Anadep) pela lei [da defensoria], que seria uma das mais avançadas.

A nova redação também retira a autonomia financeira da Defensoria. Segundo Matheus Carvalho, procurador da Fazenda Nacional e professor de direito administrativo do Complexo de Ensino Renato Saraiva, uma lei estadual não pode fazer este tipo de alteração, porque a Emenda Constitucional 80, que entrou em vigor em junho deste ano, garante autonomia financeira às defensorias públicas.

As nomeações de novos defensores que, de acordo com a lei a atual, são feitas pela defensora pública-geral, passariam, segundo o projeto, a ser feitas pelo governador.

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A legalidade de essa proposta ser apresentada por Rossoni, que está provisoriamente no cargo, também será questionada, segundo a defensora pública-geral. A reportagem tentou fazer contato com o governador em exercício, mas não teve retorno.