O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse nesta segunda-feira (31) que a decisão da presidente Dilma Rousseff em fazer uma devassa nos convênios firmados entre o governo e ONGs é uma confissão de culpa. Segundo o parlamentar, o governo está reconhecendo sua incompetência em impedir a corrupção. A medida está em decreto assinado por Dilma, em que também se estabelece a suspensão de repasses a ONGs por 30 dias.

CARREGANDO :)

"A medida anunciada agora pela presidente Dilma precisa ser vista, em primeiro lugar, como uma confissão de culpa. Em segundo lugar, o decreto não passa de um paliativo tardio, uma espécie de satisfação à opinião pública. Trata-se de usar um band-aid para tratar de uma fratura exposta", afirmou Rubens Bueno, questionando a lisura com que a medida será aplicada.

"Como vamos confiar em um pente fino sob a responsabilidade dos mesmos técnicos que, tempos atrás, como ocorreu no ministério do Esporte, fabricaram documentos para escamotear fraudes cometidas por ONGs?"

Publicidade

Para Rubens Bueno, o decreto vem com atraso, uma vez que, já em 2006, surgiram denúncias contra ONGs. "De lá para cá o governo não fez nada para barrar essa farra. Ao contrário, multiplicou o número de convênios com esse tipo de entidade", afirmou o líder do PPS, acrescentando ainda que há o perigo de "efeitos colaterais" indesejados: "A medida pode provocar uma verdadeira corrida da propina em direção aos ministérios e autarquias do governo federal. Preocupadas em manter a boquinha, centenas de ONGs correrão aos balcões da Esplanada para regularizar sua situação junto ao governo. E nesse balcão, como sabemos, costumam pousar malas de dinheiro."

Segundo o líder do PPS, é preciso ir além, promovendo o desaparelhamento político do Estado e pondo fim à prática de entregar ministérios de "porteira fechada", ou seja, dando a um partido a tarefa de indicar todos os ocupantes de cargos numa pasta. "Sem isso, qualquer medida é mero marketing político."

O deputado lembrou os escândalos durante o governo Dilma e também pediu que a instalação de uma CPI. "As ONGs foram causa direta da queda de pelo menos três ministros de Dilma: Wagner Rossi, da Agricultura, Pedro Novais, do Turismo, e Orlando Silva, do Esporte", afirmou. "Nós, do PPS, insistimos na abertura da CPI da Corrupção", acrescentou.

Rubens Bueno aproveitou para criticar o PCdoB, partido que comanda a pasta do Esporte desde 2003. Ele lembra que em 2007 chegou a ser aberta no Congresso a CPI das ONGs, mas ela acabou por encerrar seus trabalhos sem aprovar um relatório.

"É bom que se lembre, o relator da CPI foi o senador Inácio Arruda, do PCdoB, partido que agora ganhou o centro do noticiário nacional por, justamente, usar o Ministério do Esporte e ONGs de militantes da legenda para desviar o dinheiro do contribuinte."

Publicidade